março 28, 2010

O sossego das horas [25.03.2010 Lisboa]

Chegamos a Beja para ver o sol quebrar por entre as nuvens que enxaguaram as ultimas gotas de água. Viemos a tempo de ouvir o estrondo dos sinos que anunciavam o fim da tarde e o inicio de outra vida. A Galeria do Desassossego tem laivos de poesia herdada da inquietude dos dias.
Vou deixar as horas passar.
Enquanto a música estoura os ouvidos, já sentados na mesa em frente ao palco onde o delírio ainda há pouco descia em cada corda, em cada tecla, em cada baqueta que se comprimia de encontro ao adufe…
Obrigado Helder, Jorge… a todos os que encostaram às paredes vermelhas que sobem até ao tecto negro da Galeria e que trouxeram o sorriso de quem já esperava este encontro.
A galeria tem isto. Levamos sempre mais do que o que trouxemos…
Thank you…
Joao Rui

The quiet of the hours - We arrived in Beja to see the sun breaking through the clouds that rinsed the last drops of water. We came in time to hear the sound of bells announcing the end of the afternoon and the beginning of another life. The Gallery of Disquiet has overtones of poetry inherited from the days of unrest. I'll let the hours pass. While the music breaks the ears, we, already seated at the table in front of the stage where the frenzy has just descended on every string, on each key, in each drumstick that was pressed against the adufe...Thanks Helder, Jorge ... all those who touched the red walls that rise up to the black ceiling of the Gallery, and that brought the smile of whom had expected this meeting. The gallery has this things. We always take more than what we brought ... Obrigado ... Joao Rui

março 27, 2010

A entrega dos passos

Se bem me recordo, da última vez que viemos ao Cabaret, chovia como se fora o fim do sol. Hoje não é diferente: viemos abrir caminho por entre uma parede de chuva até ao salão vermelho sangue do cabaret. A tarde inteira a olhar o lobo sorrir para as câmaras que lhe pediram para entregar os passos.
É bom regressar a terra que nos conhece os pés, onde a barreira que a linguagem oferece além-fronteiras aqui é vinho que desce languidamente.
Cada vez que regressamos trazemos novas histórias, desta feita de evangelizações, veados e furões. As coincidências são daqui. Entregar a história do furão a uma sala onde a presidente do clube nacional do furão decidiu vir entregar-se à noite é uma delas… brilhante! Ainda hei de adoptar um desses pequenos... E depois há sempre os reencontros, o Zé Pedro que realizou o vídeo do “Red Pony”, a Raquel… aliás, Sofia, que conhece os olhos do lobo quando se encontram ao espelho; desarmados, de raízes quebradas.
Bom regressar.
Joao Rui

The delivery of the steps - If I remember correctly, last time we came to the Cabaret, it rained as if it were the end of the sun. Today is no different: we had to cut through a wall of rain until the red blood of the cabaret lounge. The whole afternoon watching the wolf smiling for the cameras that asked him to deliver his steps. It's good to return to the land that knows of our feet, where the language barrier that cross-border brigs, here is wine that goes down languidly. Each time we return we bring new stories, this time of evangelizations, deers and ferrets. Coincidences are here. To deliver the story of the ferret to a room where the club president's national ferret decided to come to indulge the night is ... brilliant! One day I will adopt one of these little fellows... And then there's always the meetings: Ze Pedro who made the video of "Red Pony," Raquel... moreover, Sofia, who knows the eyes of the wolf when they find themselves in the mirror, unarmed, with roots broken. It’s good to return. Joao Rui

março 24, 2010

Pássaro de ferro (VII - Porto)

“Jurei não te abandonar por um momento que fosse mesmo no cenário mais improvável; e na fidelidade que te entreguei prometi trair tudo o que viesse para te ter nos meus braços. Tudo o que viesse… “ e então o bandido baixou os olhos, lançou as mãos ao chão e os joelhos logo o seguiram. Os dedos ainda trémulos procuraram uma última despedida e ao afastar-se murmurou baixinho “se não te encontrar do outro lado, lanço o incêndio ao pombal”.
Tudo o que viesse…
Joao Rui

Iron Bird (VII - Porto) - “I swore no to leave you, even in the most improbable scenario; and in the faithfulness that I offered you, I promised to betray anything that could come to have you in my arms. Everything that could come… ” and then the thief lowered his eyes, threw his hands to the floor and his knees quickly followed. The fingers, shaking still, searched for a last goodbye – and as he went away he whispered “if I don’t find you on the other side, I’ll set fire to the pigeonry”. Everything that could come. Joao Rui

março 22, 2010

Rios de Chocolate

Há que deixar a poeira cair ao chão antes de recomeçar. Recomecemos. É hora de ir abraçar as ruas de Bruxelles onde cada porta é para uma rua ladeada por um sem fim de casas dedicadas inteiramente ao chocolate. Galinhas de 8Kg de chocolate e o habitual e carismático petiz desnudo em actividades menos próprias (pode parecer uma maneira relativamente imbecil de conquistar a imortalidade mas existindo registo de patente, os netos das mesmas inclinações menos próprias estar-lhe-ão certamente gratos. Bravo pequeno!)
Então, seguimos para a rue du Midi onde dois amigos recentes, o Jonathan e o Chris (que ao que parece chegou a fazer parte da banda que agora dá pelo nome de dEUS) estiveram a dar um concerto em registo de banda sonora para o filme “a sombra do vampiro”. Brilhante!
De seguida, a Grand Place onde a cada esquina espreitam ruas que transbordam de pessoas que aqui afluem para ver as paredes ornamentadas de ouro. Mas não nos quedamos por aqui – vamos em frente através de um túnel iluminado pelas luzes brilhantes de uma centena de restaurantes que esperam até hora tardia o último apetite dos turistas – longo túnel que percorremos não sei bem durante quanto tempo até um beco onde me parece que há um bar que detêm o record do Guiness de variedade de cervejas (genial) – e quase em frente a este bar (daí a descrição para o turista incauto), caso o queiram visitar, encontrámos o petiz desnudo. Shame on you young man! Mas tragam uma lupa, telescópio, microscópio ou qualquer outra arma de visão da vossa escolha, porque a estátua é pouco maior que a minha mão.
No regresso a casa, por uma das travessas da praça, encontrei o meu El Dorado: uma casa inteiramente dedicada à venda, troca, empréstimo, penhor, escultura, artesanato, tricôt e tudo o mais que se possa imaginar de MEL! De acordo com a tabuleta aberta deste 1882, o que também me é uma data quase querida, mas para tão grande infelicidade minha, fechada há umas boas horas… triste ironia do destino… então resta-nos continuar a caminhada por entre as fontes e cascatas de chocolate. Cortámos as amarras do bote e seguimos com o barqueiro pelos rios de chocolate à procura do lobo nas ruas de Bruxelles.

Nota: aviso já que não levo chocolate para quem quer que seja! (E sim, o chocolate belga é magnifique!)
Joao Rui

Rivers of chocolate - We need to let the dust fall to the ground before resuming. Let’s start again. Time to hug the streets of Brussels where each door is for a street flanked by an endless row of houses devoted entirely to chocolate. Chickens with 8kg of chocolate and the usual charismatic small naked boy in less than appropriate activities (it may seem relatively imbecile to conquer immortality like this, but if there is patent registration, the grandchildren of the same inclinations themselves will be certainly grateful. Bravo little boy! ) So we proceeded to the Rue du Midi where two newfound friends, Jonathan and Chris (who apparently came to be part of the band who now goes by the name of dEUS) were to give a concert against the movie "Shadow of the Vampire" Brilliant! On returning home, one of the lanes of the plaza, I found my El Dorado: a house devoted entirely to the sale, exchange, loan, pledge, sculpture, crafts, knitting and everything else imaginable of HONEY! According to this tablet it was opened in 1882, which also is a date near a darling of mine, but for my great unhappiness, closed for the night ... sad irony of fate ... so we can only continue to walk among the fountains and cascades of chocolate. We cut the moorings of the boat and sail with the boatman on the rivers of chocolate, looking for the wolf in the streets of Brussels. Note: I’m already warning that I will not take chocolate to anyone! (And yes, Belgian chocolate is magnifique!) Joao Rui

março 20, 2010

Pássaro de Ferro (VI - Frankfurt)

De tanto cantar, o bandido acabou preso. Talvez seja da hora tardia, das olheiras ou da questão matemática: bandido não trabalha à meia-dúzia; tem coragem apenas para uma mão cheia de encantos e nada mais. E como não sou de deixar as seis cordas longe de mim, ficámos os dois sentados no cais de embarque a ver o pássaro de ferro bater as asas para Karlsruhe (diabos!)
É como fechar os olhos e alguém virar o mapa do avesso. Mas há que aprender a aceitar as pequenas contrariedades como experiências de vida – claro que se enfrentam melhor com mais do que meia hora de sono no pêlo, mas é tudo bom. Desviámo-nos cerca de 300Km e 4 horas do planeado e pousámos entre gaufres e baldes de café. Tudo é bom. Nem nos recebeu o frio para o qual vínhamos preparados nem tão pouco a polícia encontrou ainda razão para o habitual rendez-vous. Atravessamos boa parte da Alemanha e em poucas horas, sem dar por isso, já estamos na Bélgica à porta do Piola.Libri com o nosso nome no cartaz do aniversário. Parece ser uma casa que guarda histórias, como as que eu vou guardar se o sono não me roubar o pouco que me resta da lucidez que mal sobra para escrever.
Joao Rui


Iron Bird (VI - Frankfurt) - Of singing so much, the thief ended arrested. Maybe it’s the late hour, the dark circles around my eyes, or the mathematical question: the thief does not work at the half-dozen; he’s got courage for just a handful of charms and nothing more. And since I’m not one to leave the six strings far from me, we stayed together in the dock watching the Iron Bird flapping his wings to Karlsruhe (damn!) It’s like closing our eyes and someone coming and turning the map around. But one must accept the little adversities like life experiences – of course one can stand it better with more than just a half hour of sleep, but all is good. We got off course for about 300Km and 4 hours. We arrived between buckets of coffee and gauffres. All is good. We were not received by the cold for which we had prepared and the police did not find a reason for the natural rendez-vous. We go across a good part of Germany and in a few hours, without noticing, we are in Belgium at the door of the Piola.Libri with our name in the birthday poster. Looks like it’s a house that holds stories like the ones I will keep if sleep does not take the rest of the lucidity that I barely have to write. Joao Rui

março 14, 2010

Ladies & Gentlemen, Boys & Girls, O regresso do Lobo.

Hoje, 14 de Março às 17h no Forum Fnac em Coimbra, é o dia do pré-lançamento da 2ª edição do nosso álbum “Like The Wolf”. Desta vez o lobo regressa com outro nome - “Like The Wolf Uncut” e é o olhar completo sobre o trabalho “Like The Wolf” sem censura de tempo. Esta segunda edição traz todo o caminho que o lobo percorreu até aos nossos braços, mais música, mais instrumentos ainda… mais coração…
Por ora e hoje, apenas em Coimbra, nossa terra natal. No dia 25 de Março, depois de darmos um pulo à Bélgica, cá voltamos para fazer o lançamento, no Cabaret Maxime.

Esta é a capa, que foi desenhada pelo Pedro Freitas:

É um álbum conceptual, que pode ser descrito da seguinte forma, relativamente informal:

“ As marcas mais profundas que o tempo nos deixa ocorrem durante a infância, no nosso estado de inocência. Somos, durante um período (muito, muito curto) da nossa existência, diamantes em bruto. Mais tarde ou mais cedo acabamos por ser delapidados pelo tempo.
No entanto, há imagens que perduram, sensações que não esquecemos. Uma delas é aquela em que o lobo se afigura como um demónio, um monstro, a personificação do medo. É uma imagem tão forte que nos constrange, consumindo o espaço à nossa volta e suprimindo o ar que o preenche. Com a idade, a perspectiva muda e os medos que tínhamos desvanecem-se: os nossos olhos reconhecem agora as formas caninas deste ser.
O conceito deste conjunto de músicas é o das ilusões que nos roubam o espaço. No momento em que nos apercebermos da sua queda, já teremos sido curvados pelo tempo. Quando o lobo deixa de ser uma figura ameaçadora, passando a ser meramente um ser vivo, ele torna-se no sinal de que a ilusão terá chegado ao fim.
O lobo, que era uma ameaça, reflecte agora as falhas de um diamante delapidado. É demasiado tarde, não conseguimos recuperar quem fomos no nosso estado bruto. O lobo acaba por ser uma ilusão/recordação da nossa inocência – essa sim, uma quimera. “

Lista das músicas: ou esperam até dia 25 ou vêm hoje a Coimbra juntar-se ao lobo
“The Wolf is Comin’ Boys!”
Joao Rui

Ladies & Gentlemen, Boys & Girls, the return of the wolf - Today, March 14th is the day of the pre-release of the 2nd edition of our album, "Like The Wolf." This time, the wolf returns with another name – “Like The Wolf Uncut” and it’s the complete view over our “Like The Wolf” without censorship of time. This second edition brings all the roads that the wolf crossed to our arms, more music, more instruments still… more heart… Today it’s only in Coimbra, our hometown. On the 25th of March we’ll return after a brief trip to Belgium to present the official release of the album at the Cabaret Maxime in Lisboa.This is the cover, which was designed by Pedro Freitas: (see Upwards) This is a conceptual album, which can be described as follows, more or less in an informal manner: "The deepest marks that time leave us, occurs during childhood in our state of innocence. We are for a (very, very short) of our existence, diamonds in the rough. Sooner or later, time ends up eroding us. However, there are images that last, feelings that we do not forget. One is that in which the wolf is like a devil, a monster, the personification of fear. It is an image so strong that it constraints us, consuming the space around us and steals the air that fills it. With age, the perspective changes and fears that we had fade: our eyes now recognize the canine forms of this being. The concept of this set of songs is of the the illusions that steal our space. As we realize its fall, we will have already been bent by time. When the wolf ceases to be a threatening figure and becomes a mere living being, it becomes the sign of the illusion that has come to an end. The wolf, which was a threat, now reflects the flaws of a cut diamond. It is already too late, we can’t recover to the state where we were our rough form. The wolf ends up being an illusion/memory of our innocence – that is, indeed, a chimera. ". About the list of songs you’ll just have to wait for the 25th or come and join the wolf in Coimbra “The Wolf is Comin’ Boys!” Joao Rui

março 12, 2010

Montanhas nossas

Pareço escrever tudo em quartos anónimos em hotéis dos quais me esqueço dois minutos depois de os abandonar. Mas não me falta nunca a memória dos lugares… ao regressar a Trás-os-Montes é impossível não recordar as estepes por onde temos caminhado estes últimos meses – e a diferença reside apenas no tempo que as memórias têm dentro de nós. Estas montanhas que já nos conhecem o peso dos passos têm uma história antiga com o meu coração e assim ao voltar a serpentear pelos seus caminhos as memórias acodem às varandas onde se debruça o meu sorriso para colher novas recordações.
Hoje foi Vila Real de novo, como há mais de um ano atrás, ainda o lobo era apenas uma miragem junto à porta que nós fomos descobrir. O espaço foi diferente e o número dos que hoje acudiram ao Teatro de Vila Real foi maior. Bom reencontrar caras que nos recordamos desse concerto na “Espontânea”.
Prometemos regresso.
Gostei de vos ver
Joao Rui

Our Mountains - I seem to write everything in rooms of anonymous hotels of which I forget two minutes after I leave. But I never lose the memory of places ... while returning to Trás-os-Montes is impossible not to recall the mountains where we walked the last few months - and the difference lies only in the time that those memories are within us. These mountains that already know the weight of the steps have a long history with my heart and so, as I returned on my way through them, the memories rush to the balconies of my heart, where my smile hangs, just to collect new memories. Today was Vila Real again, like more than a year ago, when the wolf was just a mirage at the door we found. This time the space was different and the number of people who arrived at the Teatro de Vila Real was higher. It was good to rediscover faces we remember from that concert in "Espontânea". We promise return. I was pleased to see you Joao Rui

março 11, 2010

Pássaro de Ferro (V - Porto)

De volta à canção do bandido. Sempre num tom diferente, mas culminando com o mesmo verso, desta feita em francês “c’est mon amour”. E o sorriso do outro lado na minha afeição das seis cordas garante a passagem com elas enroladas nos meus braços. A segunda parte da canção decorre depois do check in, no avião com os hospedeiros de bordo – mas as coincidências têm disto: são exactamente as mesmas duas pessoas do Pássaro de Ferro I. então o bandido aqui sai do palco para dar lugar aos lobos. Pedro, um dos que nos esperava junto à asa do pássaro também é músico… então não poderíamos ir em melhor companhia.
Ao longe distinguem-se os cumes das montanhas que rasgam as nuvens por umas horas de solidão. Atravessamos as planícies de Espanha de encontro a ventos adversos com a promessa de bom tempo no Porto, que será hoje o de abrigo.
São dias agitados em que nos erguemos ao céu para no primeiro pé que ao chão retorna ser já o caminho para outro destino.
A noite nos barcos em Lyon vai no bolso do casaco à espera de lugar vago no coração. Que corrente incrível enfrentavam… agora resta esperar a visão marítima que os meus olhos sempre anseiam. A tinta negra jorra em grossas bátegas da caneta perdida.
Enfim o mar…
Joao Rui

Iron Bird (V - Porto) - Back to the song of the bandit. Always in a different note, but culminating with the same verse, this time in French "c'est mon amour". And the smile on the other side in my affection for the six strings guarantees a pass with them wrapped in my arms. The second part of the song takes place after the checking in, the plane with the flight attendants - but the coincidences are such: they are exactly the same two people of the Iron Bird I. then, the bandit leaves the stage to make room for wolves. Pedro, one of them, was waiting near the bird's wing and he is also a musician ... so we could not go with better company. In the distance, there are mountain tops that tear the clouds for a few hours of solitude. We crossed the plains of Spain against adverse winds with the promise of good weather in Porto, which will be our shelter of today. Turbulent days in which we rise to the sky and the first foot that stands the ground is just to head for another destination. The night in Lyon on the boats are going in my pocket waiting for vacant room in the heart. What incredible river stream... now I only have to wait for the maritime view that my eyes always crave. The black ink flows heavily from the lost pen. Finally the sea ... Joao Rui

março 09, 2010

Entre fronteiras (coltellino svizzero) [Suíça|Alemanha|França]

1000Km + 4 polícias + 3 países + 1 atropelo + 1 amigo + 1 constipação = 2 dias de estrada.
Por onde começar? Talvez na continuação dos compêndios dos manuais de iniciação anotados:
Suíça: Quando em auto-estrada não há portagens mas sim um selo que se pode adquirir por 40 Francos, válido para nela circular o ano inteiro. Sim, não há portagens, é “à confiança”, que é a expressão que aqui mais se houve “à confiança”. Pois bem, mas se por acaso descobrirem este facto do selo apenas a 20 minutos de saírem do país (através da auto-estrada) aqui fica o nosso aviso: não ultrapassem o carro da polícia à confiança, porque ele poderá ultrapassar o vosso, olhar para trás e quiçá indagar do paradeiro do selo. A multa é de 180 Francos. No entanto, se por um mero acaso, no decorrer da animada conversa com as forças da autoridade eles indagarem o que fazem no país e vocês tiverem na vossa posse uma agenda da Fnac com a vossa fotografia, poderão obter um sorriso e pagar apenas o referido preço do selo (assim sendo, acautelem-se viajantes).
Alemanha: se na Suíça a ultrapassagem das viaturas vos trará dignas tertúlias, na Alemanha o caso não é diverso: claro que aqui vos aconselhamos a uma higiene cuidada, pois vos garantimos que vos irão revistar tudo: desde os bolsos das calças à caixa da guitarra e culminando com os simpáticos senhores a cheirar (sim a cheirar tal aprendiz de perfumista) as vossas carteiras – “não senhor guarda, não temos haxixe nem nada que pareça”. Que diabo de ideia assumir que todos os músicos trazem droga no carro. Mas bem, quando o Sherlock e o Watson decifrarem que vocês serão porventura músicos de coro, arrepiam caminho com um sorriso.
Nota importante em solo Alemão: se viajarem comigo ao volante, pelo amor de Deus, entrem no carro de imediato ou vão-me avisando constantemente que ainda não fecharam a porta do carro pois eu vos prometo que vos passo com uma roda em cima dos pés! Se no entanto decidirem não o fazer, não se preocupem pois assim que chegarmos a França Deus acerta contas comigo através da dádiva da constipação (não se preocupem que o Marco já está plenamente recuperado – eu não sei se era o pé do Rock ou o do Roll, mas em todo o caso, os dois queriam andar mais devagar. Há que ir mais devagar para apreciar a paisagem. Bem visto).
Por ora termina aqui a rubrica da iniciação – continuo assim que formos interpelados pelos Gendarmes (já só faltam estes).
Fribourg – Lausanne – Filipe – Montreux - Filipe – Basel – Mulhouse – Baden Baden – Lyon.
Nestes 1000Km houve tempo para reencontrar o Filipe, que para quem apenas agora nos conhece não sabe que entre 1999 e 2005 foram dele os braços que desferiam os golpes certeiros na nossa secção rítmica. O tempo passa depressa, mas não tão impiedoso que nos roube o Filipe, aqui à aventura numa montanha que me prometeu nevada… Burlão! Duas mãos cheias de neve e nada mais… que miséria… ladrão!
(fazes falta lobo perdido)

Joao Rui

Between borders (coltellino svizzero) - 1000km + 4 Cops + 3 countries scramble + 1 trampling + 1 friend + 1 cold = 2 days of road. Where to start? Perhaps the continuation of the initiation textbook manuals with notes: Switzerland: When in the highway, there are not toll booths, instead there’s a stamp that you can buy for 40 francs that is good for the whole year. Yes, there are no tolls; it is "the trust", which is the expression that you’ll hear the most here "trust". Well, but if by chance you only find out about this stamp about 20 minutes before leaving the country (via the highway) here's our advice: do not outrun the police car with trust, for it can overrun your own and perhaps ask for the whereabouts of the stamp. The fine is of 180 francs. However, if by chance, during the conversation with the forces of authority they inquire what you are doing there and you’re lucky enough to have in your possession an agenda of FNAC with your picture, you just might get a smile out of them and pay just the cost of the stamp (thus, be aware travelers). Germany: in Switzerland outrunning the police cars will bring you worthy gatherings and in Germany the case is not different: of course here we advise you to a good hygiene because we guarantee that they will search everything, from the pockets of the pants to your guitar and culminating with those very nice gentlemen smelling (yes smelling, as a perfumes apprentice) your wallets - "No officer, we do not have hash or anything resembling that". What kind of idea to assume that all the musicians bring drugs in the car. Oh well, when Sherlock and Watson unravel that you are probably choir musicians they’ll go way with a smile. Important Note on German soil: if you travel with me behind the wheel, for heaven's sake, get inside the car right away or at least keep telling me constantly that you have not closed the door of the car, because I promise you that I’ll pass with one wheel over your feet! If however you decide not to do so, do not worry about it for as soon as we get to France, God will put the bill straight with me with the gift of a cold (don’t worry, Marco is now fully recovered - I do not know if it was the foot of the Rock or the one of the Roll, but anyway they both wanted to move slower. We must slow down to enjoy the scenery. Good point). For the time being, here ends the section of the tutorial – we’ll get back to this after being challenged by the Gendarmes (they are the only ones missing). Geneva - Lausanne - Filipe - Montreux - Filipe - Basel - Mulhouse - Baden Baden - Lyon. In the 1000Km there was time to get to Filipe, who, for those who’ve known us just recently, between 1999 and 2005 his arms were the ones that struck the blows in our rhythm section. Time passes quickly, but not so ruthless as to rob us Filipe, here on a mountain in an adventure where he promised snow ... Scammer! Two handfuls of snow and nothing more…what a misery…thief! (You’re missed lost wolf) Joao Rui

março 07, 2010

A mala

De Mulhouse a Basel são cerca de 20 minutos; o mapa diz que nos afastamos cada vez mais do mar: é uma caminhada que nos leva através da Suiça por entre longos campos verdes a perder de vista onde habitam casas cujo telhado desce de forma sinuosa quase até à terra, recortando as montanhas brancas que se avistam ao longe. A cada túnel que deixamos para trás o termómetro inicia também ele uma caminhada que termina nos nossos pés. Mas hoje ainda não é dia de neve; as nuvens ainda não nos desvendaram aqui esses seus segredos – e como os procurámos nós nas ruas de Basel, ansiosos em busca dos degraus que nos levassem perto das mães da neve. Ao fim de umas quantas ruas erradas encontrámos o portão de entrada para uma ventura desta envergadura, a igreja de Elisabethen: subimos os íngremes degraus entre paredes mais apertadas que a diferença do nosso corpo para as pedras ou os pés para os degraus. Ao chegar ao topo, o ar é tão diverso que nos julgamos encontrados de um peito maior do que a natureza nos ofertou. Ali esperámos em silêncio que as nuvens ouvissem a prece silenciosa de quem conhece a inutilidade de um pedido inferior ou injusto. Adivinhando ausência certa de uma alcofa para as palavras que se encostam aos lábios mas se impedem de prosseguir, descemos a torre mais rápido que a vertigem dos círculos percorridos até à porta de saída. Seguimos para Fribourg, ao encontro da Christèlle e do primeiro palco suíço enquanto verde dos campos se vai estendendo como um cobertor sobre centenas de estações.
A mala… que danos poderá causar a ausência de uma mala que continha todos os instrumentos de percussão, cajon, afinador, suporte de harmónica e luvas para o frio? Todos.
Bem, então há que ser alquimista e tornar o interior de uma mala no seu exterior. Quando retiro a guitarra de dentro de uma mala e a tampa se cerra, tenho a certeza de ficar sempre um som aprisionado dentro dessa caixa. Então há que ser um bom anfitrião para esse silêncio que de fora se não ouve e amplificá-lo; após umas boas horas em Mulhouse, saltando de loja em loja de música fomos adquirindo os instrumentos que hoje vieram convidar esse prisioneiro – somos reinvenção com um dos sets de percussão mais estranhos de que me recordo – mas as pessoas que aqui vieram não arredaram pé até ao final desta dança. Agora que nos afastamos ouço-os trautear de passo lento sobre os campos que nos receberam.
Joao Rui

The suitcase - From Basel Mulhouse one takes about 20 minutes; the map says that we move further away from the sea: it is a journey that takes us through the Switzerland through long green fields inhabited by houses whose roof falls down on a winding almost to the ground, cutting the white mountains that can be seen in the distance. By each tunnel that we leave behind, the thermometer also begins a walk that ends at our feet. But today is not yet a snow day; the clouds have not unveiled their secrets here - and how we tried, roaming through the streets of Basel, eager to find the stairs that would take us near the mothers of the snow. After a few wrong roads, we found the gateway to such a venture, the church of Elisabethen: we climbed the steep steps between walls narrower than the difference of our body to the stones or the feet to the stairs. Upon reaching the top, the air is so diverse that we think we have found a chest larger than nature has offered us. There, we waited in silence so the clouds could hear the silent prayer of one who knows the futility of an inferior request or a less unfair one. Guessing the certain absence of a Moses basket for the words that lean to the lips but prevent themselves to move any further, we descended the tower as fast as the vertigo of the circles traveled to the exit door. We continue to Friborg, to meet Cristelle and the first Swiss stage, while the green fields spread like a blanket over hundreds of seasons. The suitcase ... what kind of damages may bring the absence of a suitcase that contained all the instruments of percussion, cajon, tuner and support for the harp and gloves for the cold? All kind. Well, then one needs to be an alchemist and turn the inside of a bag on the outside. When I remove a guitar from a suitcase and the lid has been shut, I am sure that a sound remains trapped in that box. So, one should be a good host for this silence that is not to be heard and amplify it. After a few good hours in Mulhouse, going from music store to music store, we acquired the tools that have now come to invite that prisoner - we are a reinvention with one of the strangest percussion sets I remember - but the people who came here didn’t budge until the end of this dance. Now, as we walk away, I hear them humming on a slow pace over the fields that have received us. Joao Rui

março 06, 2010

A lâmina cega

Os dias em que acompanhamos o lobo ao palco são de uma estranha relação com a dilatação da linha do tempo. Se em momentos as horas parecem não conhecer o vagar dos mastros do relógio, noutros são o tecido das velas que ao desenrolar ao longo deles os precipitam para diante – e do tempo não somos mestres mas apenas capitães de um barco que parte sempre sem leme e que o coração gostava de poder navegar. Assim, desprovidos de tal magia nas nossas mãos, aguardamos a hora da tempestade desconhecedores não dos minutos ou segundos, mas sim do tempo que para ela vamos demorar – ou a percepção dele.
Quando o vento começa a roçar os lábios nas primeiras ondas, o tempo gosta de se demorar na berma das fissuras do coração, mas quando por elas finalmente resvala no primeiro acorde, então torna-se navalha, lancetando o seu passado tão rápido como o quão rasga futuro.
Quando se apaga a última luz do palco e a poeira procura poiso certo, ainda procuramos onde se foi o tempo esconder na lentidão com que os mastros continuam a jornada.
A esta hora que a tinta se esvai da pena, vou eu procurando esconderijo dentro do meu peito para a magia desta noite, de modo a que quando a navalha aqui voltar não me seja vilipendiada.
Joao Rui
The blind blade - The days in which we follow the wolf to the stage are of a strange relationship with the dilation of the timeline. If at times the hours do not seem to know the drift of the masts of the clock, in others, they are the fabric of the sails falling down along them and pushing them forward - and of the time, we are not masters but only captains of the boat that left without a rudder and that the heart would like to be able to navigate. Thus, lacking such magic in our hands, we look forward for the hour of the storm not unaware of the minutes or seconds, but the time it will take to get her - or at least his perception. When the wind begins to rub his lips in the first wave, time likes to linger in the side of the cracks of the heart, but when he finally slips inside them by the first chord, he becomes a blade, lancing his past as fast as how he tears future. When the last light of the stage falls down and the dust looks for a sure landing, we still keep looking where time went hiding in the slowness with which the masts continue the journey. At this time, when the ink is fading from the quill, I'm looking inside my chest to hide the magic of this night, so that when the blade returns to this place I won’t be stolen of it. Joao Rui

março 05, 2010

Quel diable! il est trés froid!

Enquanto vamos (des)aprendendo o Italiano, renovamos o cardápio de expressões francesas. E sim, está frio. Bastante. Mas não tanto como costume. De acordo com os nativos aqui de Mulhouse, chegam a estar 15º negativos. Não tendo eu ainda travado conhecimento com tais temperaturas, adivinho que seja fresquinho. Mas adiante já que julgo ser pertinente deixar um aviso ao viajante incauto que se aventure em estadias em hotéis franceses (ou em qualquer hotel, para esse efeito). Então, aviso #1: se uma rapariga vier pedir lume à uma da manhã ao quarto, desaconselho em absoluto o empréstimo de isqueiros e muito menos um Zippo, por muito que ela vos diga que o devolve em 5 minutos.
- Pausa de texto
Dinâmica de grupo em tour:
Marco entrega o Zippo, eu espero que a porta feche e ao aperceber-me qual era o isqueiro digo “nunca mais o vamos ver”. O Jorri fica consternado mas ausenta-se da mesa de opiniões. Eu repito “nunca mais” ao que o Marco afirma que eu não devo ser negativista de modo a evitarmos más vibrações. Isto porque a minha herança materna me diz que por muita omnipresença de Deus, o Diabo anda sempre a rondar – portanto volto a investir na ideia do não retorno e o Marco volta a insistir na atracção de ideias negativas, ao que o Jorri decide a contenda ao fim de 30 minutos com a expressão “não quero ser negativo, mas dado o tempo que já passou… é estranho. Então, se um é o positivo e outro o negativo, sou eu que desempato a atracção de vibrações?”
- Saída da Pausa de texto
Isto porque cinco minutos se podem tornar rapidamente em dez horas – é aceitável, mas não é pontual. Portanto, acautelem-se com um triângulo das Bermudas das vibrações como o nosso, onde entre o bem que o Marco anseia e o mal para o qual eu me vou preparando, há um terceiro ângulo da espera do Jorri, de olhos fixos na balança da sorte e do azar.
Sim, o Zippo voltou a casa, mas não sem uma troca estranhíssima de palavras do Marco com a rapariga, digno do imaginário Kafkiano.
(A mala? Qual mala? A do porão? … ah, sim, bem, amanhã logo se vê)
Joao Rui

março 03, 2010

Pássaro de Ferro (IV - Karlsruhe)

O regresso a França através da fronteira alemã é feito de paisagens que não me sendo estranhas à memória, são-no aos olhos que pela primeira vez entram em contacto com elas. Bandos de corvos patrulham as bermas das estradas com as suas asas negras estendidas sob o sol que aqui nos falta de novo – como se adivinhassem a demanda.
Vamos descendo até Strasbourg apenas para nos quedarmos perante a catedral, em frente do altar. Magnifico… Continuamos a caminhada até Mulhouse – é tudo tão rápido e sem imobilidades. Ou talvez me adiante demais porque também a hora é adiantada. Há exactamente 24h atrás acordava dez preciosos minutos mais tarde do que devia., ou pelo menos do que podia – talvez tudo tenha uma razão de ser – então, 2h depois desses dez minutos diziam-nos no aeroporto que a mala de porão já não podia embarcar: uma notícia fantástica acompanhada pelo encontro com o Francisco (Old Jerusalem) na mesma fila de embarque. O mundo é pequeno – ou antes, não é uma questão de dimensão, mas de velocidade. E o tempo é tão veloz que as coincidências são apenas fatalidades da urgência do destino.
Mas avancemos: hoje até a canção do bandido junto à porta de embarque foi mais curta que o costume – é que nas regras da companhia aérea a guitarra deveria ir no porão, mas graças a esta canção de versos simples, ela tem viajado sempre nos meus braços – “se ela não for ao meu lado, prefiro não ir; é a minha mulher; é o meu amor”… é tudo verdade, mas se não for entoado como uma canção creio que iria sempre parar aos escombros de um porão escuro onde não lhe poderia valer se o pássaro perdesse as asas.
Mas onde é que eu ia? Ah, sim, o horário. Então, uns minutos depois do embarque seguimos por entre nuvens que aguardavam formação de chuva enquanto íamos enumerando mentalmente os danos da ausência da mala de porão.
O passo seguinte… o passo seguinte foi junto de um bando de corvos que nos anteciparam a entrada na catedral, que sucedeu uns minutos antes do encontro com uma lontra num dos canais principais de Strasbourg. Uma lontra? Sim, uma lontra… ao longe parecia uma ratazana de dimensão suficiente para ter cartão de identidade e descontar para a segurança social, mas afinal era uma lontra. Ainda assim, uma lontra no centro de uma cidade? Brilhante! Que curiosa visão…
(A mala que não embarcou? Já lá volto)
Joao Rui
Iron Bird (IV - Karlsrehu) - The return to France from the German border is made of countryside of which my memory is not a strangers, but that it is to the eyes that first come into contact with it. Flocks of ravens patrol the roadside with their black wings outstretched under the sun that we miss here - as if they guessed the journey.We head down to Strasbourg just to stop before the cathedral, in front of the altar.Magnificent ... We continue to Mulhouse - it's so quick and without immobility. Or maybe I move forward too much because the hour is late as well. Exactly 24 hours ago I woke up ten precious minutes later than I should. Or at least than I could - perhaps everything has a reason to be - then 2 hours after those ten minutes we were told at the airport that the bag could not embark. A fantastic story accompanied by the meeting with Francisco (Old Jerusalem) in the same row of embark. The world is small - or maybe it’s not a question of size, but speed. And time is so fast that the coincidences are just casualties of the urgency of the destiny. But onward: today even the song of the bandit at the boarding gate was shorter than usual – that’s because the rules of the airline states that the guitar should go in the storage compartment, but thanks to this song of simple verses, she has traveled always in my arms - "if she is not by my side, I'd rather not go, she is my wife, she is my love" ... it is all true, but if not sung as a song she would always end up in the rubble of a dark compartment where I could not help her if the bird lost its wings. But where was I? Ah, yes, time. Then, a few minutes after boarding we mentally list the damage of the absence of the suitcase.The next step ... the next step was with a flock of crows that anticipated the entry into the cathedral, which happened a few minutes before the encounter with an otter in one of the main canals of Strasbourg. An otter? Yes, an otter ... in the distance it looked like a rat big enough to have an identity card and cash for social security, but ultimately it was an otter. Still, an otter in the center of a city? Brilliant! What curious sight ... (The case that failed to board? I’ll get to that later) Joao Rui

março 01, 2010

Nova companhia

Um pouco para sul, hoje a chuva não hesitou em preencher tudo o que as mãos alcançaram. Mas sim, um pouco mais a sul fomos encontrar nova companhia para o uivo do lobo. Dentro de uma caixa negra veio uma oferenda para o nosso lobo das neves. Creio que dentro em muito breve conhecerá o seu lugar na manta que urdimos para acompanhar os nossos passos curiosos através da noite. Agora é apenas a questão de descobrir os segredos que tem para nos contar. Obrigado Ana por tão preciosa nova companhia.
Encontramos sempre um coração aberto onde quer que o caminho nos conduza - quase às portas de Lisboa assolamos o Palco desta noite no “Di-Box” em Arruda dos Vinhos, onde a visão de três sonhos se conjugou para entre as pedras da calçada erguer nova tenda para malabaristas. Esta noite fomos nós que cruzámos o fio de um lado ao outro.
Parte de nós fica sempre numa das extremidades do fio a olhar os passos certos que o cruzam.
Joao Rui
New company - A little to the south, today the rain did not hesitate to fill all that the hands reached. But yes, a little further south we found a new company to the howl of the wolf. Inside a black box came an offering for our snow wolf. I believe that very soon he’ll find his place in the blanket that we weave to follow our curious steps through the night. Now it's just a matter of discovering the secrets that has to tell us. Thank you Ana for such a precious new company. We always find an open heart wherever the road leads us - almost at the gates of Lisbon, we took the stage in "Di-Box" in Arruda dos Vinhos, where the vision of three dreams has combined to erect a new tent for jugglers, between the paving stones. Tonight we were the ones crossing the wire from one side to the other. Part of us is always at one end of the wire looking the righteous steps that cross it. Joao Rui