março 11, 2009

O Pássaro que alimenta a Alma do Lobo

© Sofia Silva, a Jigsaw, 2009

Seja a maturidade a permitir o equilíbrio ou a natureza a facultar a harmonia do homem, o olhar de abrigo que nos leva a casa será sempre mais denso, indício de um mundo interior cheio de percalços.
Esta nova imagem não nasce de uma lenda histórica, mas do conteúdo de um albúm que se dispõe a um imaginário.
As cartas deixaram de ser guia. A tinta escorre e desvanece e ficamos entregues a um subtexto onde habita um novo corpo.
É aí que vivem os Irmãos de Inverno, com a certeza de fazerem o caminho da virtude e da vida da qual não sabem o fim. Espalham-se trilhos de desejos, para purificar a casa; escavam-se buracos, para enterrar a casca que deixou de ser cartão de visita; elevam-se as almas, para que a natureza possa fazer uso da sua liberdade.
Uma imagem só que diz, como quem grita, aos Homens maduros, para não serem a mentira, nem o medo, nem a falta de amor, é a mesma que encoraja os Homens para se protegerem da verdade e da ingenuidade com que se projecta a música neste universo de Lobos e de vida que sopra melancolia.


SofiaSilva

May it be maturity allowing the balance or nature allowing the harmony of man, the eyes of shelter that leads us home will always be denser, an indication of an interior world filled with unexpected events.
This new image is not born of a historical legend, but of the content of an album that makes room for the imaginary.
The letters ceased to be our guide. The ink drains and vanishes and we are left with a subtext where a new body inhabits.
There live the Brothers of Winter, certain they are travelling the path of virtue and of the life of which they do not know the end to. Tracks of desires are spread, to clean the house; holes are excavated, to embed the rind that ceased to be a business card; the souls are raised, so that nature can make use of its freedom.
An image alone that says, as one cries out, to the mature Men, not to be the lie, nor the fear, nor the lack of love, it’s the same that encourages Men to protect themselves from the truth and the naivety with whom one imagine the music in this universe of Wolves and life that blows melancholy.

café concerto :: teatro virgínia :: 7/Março

Não têm estado acorrentadas, mas ainda não puderam voar. Não estiveram amordaçadas, mas as paredes da casa azul são demasiado largas para se fazerem ouvir cá fora (excepção ao vizinho Alcides da moto-serra). As canções, sempre as canções. A ansiedade tem sido tanto delas como nossa, mas nós temos a razão, elas a loucura, se nós sonhamos, elas são o próprio sonho. Por isso, temos tido o cuidado de ter sempre as portas e janelas fechadas… até ao passado sábado! Fomos muito bem recebidos em Torres Novas, no Café Concerto do Teatro Virgínia, por quem nos abriu as portas do espaço, por quem nos serviu um delicioso jantar bem regado a tinto, por quem fez viagens de longe para mais uma vez nos apoiar, por quem nos sorriu, à distância e timidamente, mas que estava ali para nos ouvir. Além das canções, levámos os novos instrumentos, o contrabaixo, o piano, o cajón, o ukelele. Arrisco falar por todos e confessar que o nosso peito foi, nessa noite, uma imensa caixa de ressonância!

susana

















© Hugo Narciso

They have not been in chains, but they haven’t been able not fly. They were not muzzled, but the walls of the blue house are too wide for them to be heard outside (all but for our neighbor Alcides’s chainsaw). The songs, always the songs. The anxiety has been so much from them as it has been ours, but we have reason, they have the madness; if we dream, they are dream itself. Therefore, we have been careful to keep the doors and windows closed ... until last Saturday! We were very well received in Torres Novas, the Café Concert Theater of Virginia, who opened the doors for us and who served a delicious dinner, watered in red. Those who traveled from far to support us again, smiled at distance and timidly, but they were there to hear us. Besides the songs, we took some of our new instruments, the upright bass, the piano, the Cajon, the ukelele. I venture to speak for all and confess that our heart was, that night, a great resonator box!