outubro 05, 2013

a Jigsaw - Rooftop Joe


A premissa deste teledisco foi-me sugerida pela banda, na altura foi-me dito: “Temos a coisa perfeita para ti, é a tua cara!” Fiquei contente, pois depreendi que a minha cara seria diferente do que se costuma ver por aí na área do teledisco - e porque o D. Roberto rebenta a cara a todos os que o antagonizam (gosto de pensar que sou assim, se bem que a realidade é bem mais irónica do que isso). Questões de cara à parte, cedo me apercebi que que a pessoa com quem viria a trabalhar, Rui Sousa, é um verdadeiro Duncan MacLeod do mariotenismo em Portugal, e que isso merecia todo o respeito e responsabilidade da minha parte. E ainda mais porque o teatro D. Roberto é das tradições portuguesas que mais me surpreendeu positivamente nos últimos tempos, exacerbando um nacionalismo cultural que tem vindo a crescer em mim, e devo este ultimo episódio aos a Jigsaw.
Acrescenta-se o facto de o Rui e os a Jigsaw terem conjugado vontades artísticas em contar uma das lendas mais famosas de Portugal, o Zé dos Telhados.
Assustei-me ao inicio: como é que eu filmo marionetas? Decidi filma-las como costumo filmar teatro. O grande desafio para mim verificou-se na edição, pois a peça tem à volta de 20 minutos, e são todos bons de se ver. Aí recuperei uma ideia que tinha tido durante as filmagens, a de dar uma roupagem “silent movie”, muito inspirada no filme  de 1911 “Os Crimes de Diogo Alves” de João Tavares, aproveitando os intertítulos tradicionais para contar a história que Rui construiu, condensando a duração até aos cerca de 4 minutos, tempo da música dos a Jigsaw.
Isto acontece a todo o editor quando finalmente tem um final cut: ver a montagem vezes sem conta. E eu ri-me à desgarrada, muito, de todas as vezes.

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Conta que do antigo reportório do Teatro Dom Roberto faria parte a peça 'Zé do Telhado'.
Aquando do desafio lançado às Marionetas da Feira por A Jigsaw, logo me ocorreu toda a encenação e elenco para a acção do filme.
Criámos o personagem 'Zé do Telhado' e a sua mulher, que contracenando com todos os outros personagens de 'O Barbeiro' (outra peça do reportório clássico), geravam uma acção parecida com as histórias tradicionais e com a extinta peça homónima deste herói.
Acerca do Teatro Dom Roberto, ou Teatro de Robertos, é tida como uma das mais antigas artes de rua popular portuguesas descendente da Commedia Dell'Arte Italiana, e do teatro Pul vinda de Itália no século XVIII. O nosso herói é o Dom Roberto - um justiceiro popular. Outros paises herdaram os seus heróis influenciados de igual modo, dando origem ao Mr. Punch na Inglaterra, Guignol na França, Kasper na Alemanha, etc.
As Marionetas da Feira produzem espectáculos de teor tradicional onde recuperam as quase extintas artes das Marionetas de Fios dos pavilhões das feiras populares dos Mestre Manuel Rosado e dos Faustinos, e dos Robertos do Mestre António Dias e Domingos Moura.