Esta semana, a casa azul, a casa da magia onde tudo acontece, vai ficar vazia. As josefinas ocuparão em teias os sofás, o bafo do frio soprará as cinzas da lareira e as paredes hão-de reencontrar-se, paredes, no silêncio. Guitarras, bandolim, ukelele, banjo, harmónicas, piano, contrabaixo, violino, xilofones, bombo, harmónio e as mil e uma tralhas da percussão estão já guardadas na arca que há-de ser carregada pelo Minotauro até ao estúdio de gravação. Até final de Dezembro, as próximas cartas estarão preparadas para voar. É que, durante todo este tempo, não deixámos de receber cartas do barqueiro, por isso as palavras teimam em beijar-nos os dedos e continuamos sem perceber onde termina a poesia e começa a canção. Pode ser que seja apenas uma alucinação colectiva, este sonho que nos tem partido os ossos, aquecido o sangue e insuflado a alma, mas estamos ansiosos por partilhá-lo. Regressaremos do Inverno, com todas as promessas sobre os ombros, sem mais nada que esperança. Mas só depois de mudar de pele, predadores ou presas, regressaremos desse lugar onde os nossos passos não são ouvidos. Ou talvez tudo não passe de mais uma ilusão… :)