dezembro 15, 2008

18º dia: guitarras & guitarras

Hoje foi dia de electricidade no estúdio. Tudo virado ao contrário. Para começar o Jorri ficou a dormir quando eu saí de casa (claro que em verdade ele não dorme. Alegadamente fecha os olhos para se concentrar… enfim… para ganhar balanço…), o que é sem dúvida estranho. E depois foi mesmo dia de eléctricas e slides. O Miro e eu viemos desanimados com as eléctricas ontem, mas hoje começámos cedo a mandar a casa abaixo. Começar do zero e abrir caminho pelo pinhal dentro. Eu a rasgar acordes e o Miro a apontar tudo num caderno. Lindo… Ainda deu para dar uma perninha no banjo. E se hoje estive com uma de 40 anos ao colo, depois de amanhã vou estar com uma de 60… venha a lap steel para acabar finalmente com as cordas do álbum… hum… ou talvez não, já que ainda falta um pormenor de outro bicho de cordas.

JoaoRui

Today was a day of electricity in the studio. Everything turned upside down. For starters Jorri stayed asleep when I left home, which was weird (of course that in truth he does not sleep. Allegedly he just closes his eyes to concentrate… oh well, to gather speed). And then it was really a day for electrics and slides. Miro and I came a bit disappointed yesterday with some of those, but today we began burning the house down real soon. Starting from scratch and carving our way through the pines. Me, tearing chords apart and Miro, pointing everything down in a notebook. Beautiful…. There was still time to add up some banjo. And if today i was with a 40 year old one, the day after tomorrow I’ll be with one of 60… let the lap steel come so that i can finally end the strings in the album. Or maybe not, since there is still one other detail with a stringed animal.

17º: guitarras e violino

Finalmente concluídos os violinos. Que posso eu dizer? Dói-me o braço esquerdo, o pescoço e as costas na zona das omoplatas. Ehehehe do que eu preciso mesmo é de um SPA (e não falo da sociedade portuguesa de autores) :P oh well … para a semana voltarei ao covil para gravar aquilo a que gosto de chamar as minhas tralhas. Hoje partilhei o estúdio com o João Rui, que gravou guitarras, banjo e bandolim. Durante a tarde tivemos falhas de electricidade, mas o incêndio não parou nas cordas dedilhadas. Acho que ainda não foi aqui comentado o facto de, à porta do estúdio, estar “estacionado” um barco!! É verdade, um barco para nos lembrar que o testemunho do “letters from the boatman” está a ser passado. Neste puzzle tudo se completa e faz sentido! Oh row row row ;)

Susana


The violins are finally over. What can I say? My left arm hurts and my neck and my back on the area of the shoulder blades. Ehehehe, what I really need is a SPA (And I’m not talking about the Portuguese Society of Authors) :P enfim… Next week I’ll return to the lair, to record what I like to call my junk. Today I shared the studio with João Rui, who was recording guitars, banjo and mandolin. During the afternoon we had power failure, but the fire didn’t stop on the finger-picked strings. I think that it hasn’t already been commented here, that at the door of the studio a boat is “parked”. A Boat!! It’s true, a boat to remind us that the testimony of the “letters from the boatman” is being passed on. In this puzzle everything completes itself and is meaningful! Oh Row

16º dia: violino e guitarras #N


Os dias já são tantos que ando meio cego. Aliás, já há 6 dias pelo menos. A continuar assim vou bater contra o meu porto de abrigo. Depois da minha ausência durante o dia, durante uns dias, para tratar de coisas, ainda houve tempo aí pelo meio para vir conquistar crédito na gravação das percussões (isto deve ter sido lá pelo dia 14, vulgo 11Dez) e impregnar a fita com estalos dos dedos. Hoje foi dia de quase finalizar as guitarras ou, enfim, coisas com cordas. Mais um dia e fica tudo fancy pants.

João Rui
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The days are so many that I’ve been half blind. In fact, at least for six days now. Keeping like this I will crash against my safe harbor. After my absence during daytime, to take care of things, there was still time to come and gain some credit in the percussions (this must have been by day 14, or 11Dec) and impregnate the tape with some finger snaps. Today was the day to almost finish the guitars or, well, things with strings. Another day and everything will be fancy pants.

15º dia : percussões e violino

Apesar de não ser propriamente a primeira vez que gravo em estúdio, foi sem dúvida a primeira vez que fui assaltada pelos nervos e por uma estranha ansiedade. Os temas estão estudados, alguns até já foram testados ao vivo, ainda assim os dedos pareciam estar em território desconhecido. De um lado o Miro a querer arrancar-me a alma, do outro a hi-tec a tornar visível cada imperfeição, cada hesitação, cada ambição de nota perfeita. A manhã foi do Jorri e das percussões, a nossa aranha tecedeira de sons, o nosso malabarista dos mil e um instrumentos! Ao todo foram gravados seis temas com violino, não correu mal para uma só tarde. Amanhã serão gravados outros tantos, vou guardando para o fim aqueles que me exigem uma maior entrega. Ui, sou demasiado emotiva nestes assuntos! :) Curioso, estas canções foram escritas em suor no Verão, cristalizadas no rigor do Inverno, serão partilhadas só daqui a alguns meses, na Primavera, mas ver os temas crescer, ganharem cor e identidade tem sido já a nossa Primavera, ainda que enrolados em cachecóis e de luvas nos dedos.

Susana


Although it’s really not the first time i record in a studio, it was without a doubt the first time that i was jumped with nerves and a strange anxiety. The themes are studied and some have been tested live, but still, my fingers seemed as though as if they were in uncharted territories. From one side, Miro was trying to rip off my soul, from the other; the hi-tech was turning visible every imperfection, every hesitation, and every ambition of the perfect note. The morning was Jorri’s and percussions; our spider weaver of sounds, our juggler of the thousand and one instruments! At all were recorded six themes with the violin – not too bad for a single afternoon. Tomorrow will be recorded just so many; I’m saving for last the ones that demand a higher commitment. Wow, I’m too emotional in these matters! :) Curious: these songs were written in the summer’s sweat, crystallized in the winter’s cold and will only be shared some months from now, in the spring. But to see them growing, gaining color and identity has been our spring, even if rolled up in scarves and with gloves in our fingers.

14º dia: Mil e Uma Histórias de Sons


O dia foi dedicado em exclusivo à experimentação. Depois de desvendados todos os sons que estavam dentro da caixa de Pandora, partimos à descoberta. Acabámos por descobrir que dentro estúdio, que agora é nosso, existem mil e um sons possíveis, basta ter imaginação, por isso acabamos por captar sons de caixas de microfones, de cadeiras, de tripés, de mesas e até da “casa” do nosso amigo Jack. Acima de tudo foi um dia divertido, passou tão rápido que até o coelho da Alice chegou atrasado.
No final do dia, quando regressei para o aconchego do nosso refúgio, a cantarolar as melodias e a bater o pé ao ritmo, abri a porta e veio uma aragem fria… brre... que arrepio, mas depois não ouvi vozes, não cheirava ao jantar, estava vazio. Mas como alguém tem que ficar de guarda, entrei, vesti o camuflado e passei a noite na guarita.

Jorri


The day was dedicated, exclusively to experimentation. After all the sounds inside Pandora’s Box were unveiled, we left to the adventured. We found out that inside the studio, that is now ours, there are a thousand and one possible sounds. One requires but imagination. So we ended up capturing the sounds of microphone boxes, chairs, tripods, tables and even from the “house” of our friend jack. Above all it was a funny day – it went by so quick that even Alice’s rabbit came late.
At the end of the day, when I returned to the comfort of our shelter, humming the melodies and beating my foot to the rhythm, I opened up the door and a cold draft came from inside… brrr.. What a shiver. But then, I did not hear voices and there was no scent of dinner.. The house was empty. But since someone has to keep guard, I went in, dressed my camouflage jacket and spent the night in the bunker.

13º dia: Contra (Tempo) Baixo


Após o merecido dia de descanso, eu e o Miro voltamos ao covil, para atacar o contrabaixo, mas este, ferido pelo abandono, não teve as forças suficientes para cantar. E depois de o aconchegarmos, abrimos a mala das mil tralhas, como quem diz das pandeiretas, chakers, sinos, adufes, guizos e muitos outros, alguns até de quem nem sei o nome. O resto do dia foi dedicado a dar ritmos às músicas, ora saltitantes, ora galopantes. Passado pouco tempo, estávamos enfeitiçados pelas mil e uma combinações de sons que estávamos a ouvir, até que fomos acordados, não pelo sapo, nem pelo príncipe encantado, mas pelo João, que mais parecia o coelho da Alice no país das maravilhas, tal era a pressa. Ainda deixou o som das impressões digitais na música, antes de desaparecer apressado. Convém lembrar que estamos a trabalhar num covil, local onde os coelhos só são bem-vindos dentro da panela.
No final do dia, a Ni e a Pantera apareceram a pedir abrigo e acabamos a devorar hambúrgueres e cachorros. Para a próxima o coelho não escapa!
Só uma palavra de carinho para o meu mais recente companheiro, descansa bem, porque para a semana temos novo dueto.

Jorri


After the well deserved day’s rest, Me and Miro returned to the lair, to attack the upright bass, but him, hurt with the abandonment , did not have enough strength to sing. After we tucked him, we opened the suitcase of the thousand junks, which is the same as tambourines, shakers, bells, adufes, rattles and many others, some of which I don’t even know their names. The rest of the day was dedicated to give rhythms to the songs, either jumpy or trotting. After a short while, we were bewitched by the thousands of combinations of sounds we were hearing, until we were woke not by the frog nor the charming prince, but byt Joao, that seemed more like Alice in wonderland’s rabbit, such was his hurry. He still left the sound of his fingerprints in the music before he quickly disappeared. One must remind that we’re working in a lair where rabbits are only welcome inside the pan.
At the end of the day, Ni and Panther came asking for shelter and we ended up devouring hamburgers and hot dogs. Next time the rabbit will not escape!
Just a caring word for my most recent partner: rest well, for next week we will have another duet.