setembro 30, 2010

Zürich, Bern, Fribourg, Bern, Fribourg, Barcelona? [29.09.2010 Fribourg|Bern - Suíça]

Como dois dados de faces egoístas, não conseguimos entregar uma das faces ao tapete verde da mesa de jogo. Então saltamos de cidade em cidade como se a seguinte fora redenção da anterior.
Se a manhã é de Zürich, a tarde já é de outras “paragens”. Em Bern, separamo-nos por instantes, junto à estação de comboios que me leva para Fribourg para um Showcase na Fnac. Mas pouco depois, regresso no mesmo comboio, meio amarrotado de dançar com o lobo. A paisagem, ainda mais rápida, de cadência constante, quase me adormece de regresso a Bern. Continuo sentado no metro de Hamburgo, mas a janela conta-me outra história encaixilhada numa paisagem tão distante.
Esperam-nos as masmorras do Ono em Bern, onde nos vieram ver os olhos de Moscovo noutro delírio do palco.
É de novo hora de partir? Regressamos à estrada sem tempo para descansar porque nos chamam as vozes de Barcelona. Que hora tardia.
João RuiZürich, Bern, Fribourg, Bern, Fribourg, Barcelona? – Like the two sides of a selfish dice, we cannot deliver one of the sides to the green carpet of the table. So we jump from town to town as if the following could be the redemption of the previous. If the morning is of Zürich, the afternoon is already of other sightings. In Bern, we parted briefly, near the train station that takes me to Fribourg for a Showcase at Fnac. But shortly after, I return in the same train, half crumpled from dancing with the wolf. The landscape, even faster, in a steady pace almost lets me fall asleep back to Bern. I’m still sitting on the subway in Hamburg, though the window tells me another story framed in a landscape that is so far. We’re expected in the dungeon of Ono in Bern, where the eyes of Moscow came to see us in another delirium of the stage. It is again time to go? We return to the road with no time to rest because we’re being called upon by the distant voices of Barcelona. What late hour… João Rui

setembro 29, 2010

O ponto de ebulição [28.09.2010 Zurich - Suíça]

É algures quando se perde o comando da embarcação que se pode antever,
por instantes, a certeza que a quilha se vai quebrar mesmo nas tuas mãos.
Zürich recebe-nos num sorriso que se envolveu de sol e se passeia nas margens do rio.
João Rui

The boiling point - It's somewhere when you lose control of the vessel that you can predict, for a moment, the certainty that the keel will break right in your hands. Zurich receives us in a smile that wrapped up himself with the sun and strolls down on the riverbanks. João Rui

A travessia do Canal da Mancha [27.09.2010 Londres - UK]

São três da manhã e tudo à volta é ferro que se contorce com a violência do mar. Ranger de dentes de um barco habituado à travessia do Canal da Mancha. Vai balouçando com o frio que se ouve na proa, onde a fraca luz desta embarcação rasga a noite apenas por instantes.
Para trás ficou outro nevoeiro: o que atravessámos para chegar a Liverpool, infestada de recordações do que não se quer deixar para trás. Que silêncio…
Daqui desta mesa onde o meu caderno balouça talvez mais que o barco, ainda ouço Londres que se veio despedir a Dover, depois de ouvir o Lobo no The Cavendish Arms.
João Rui

Crossing the English Channel – It’s three in the morning and everything around is iron that bends with the violence of the sea. Gnashing of teeth of a boat used to cross the English Channel. It’s swinging with the cold you hear on the bow, where the low light of this vessel tears the night for a brief moment. We came through another fog to get to Liverpool, plagued by memories of what you do not want to leave behind. What silence... From this table where my notebook swings, perhaps more than the boat, I still hear London, who came to say goodbye at Dover, after hearing the wolf at The Cavendish Arms. João Rui

setembro 28, 2010

The Greenland Whale [26.09.2010 North York - UK]

Quando o mar abrir o seu peito e me deixar abandonar o seu leito, partirei contigo para toda a parte.
When the sea opens its chest and allows me to abandon his bed, I will leave with you for everywhere.
João Rui


Photo by Sofia Silva
“Come bully boys, leave your calm waters
It’s up to the Arctic we sail
Where the mighty winds call
The icebergs are tall
The home of the Greenland Whale”
In The Greenland Whale by Richard Grainger

setembro 27, 2010

London of Blue [25.09.2010 Londres - UK]

Depois de correr as ruas de Londres, o Westminster, o Piccadilly Circus, foi hora de lançar o Lobo à Old Ford Street Road.
A Samantha Jean, que hoje ocupou a cadeira vazia da Becky Lee no “Return To Me” foi quem primeiro abriu as cortinas do palco com o gospel da sua voz. Do fundo da Sala, o Blue ia sorrindo como todas as sombras da noite. Os blues deixam-lhe o sorriso ainda mais aberto. O Padraig Whelan e o seu séquito avançaram de seguida, através da noite com passos cuidados: já se adivinhavam os uivos que nos procuravam…
Mas antes do dilúvio, mais ou menos a meio da tarde, os meus blues de doze cordas aguardavam-me sorridentes ao abandonar a Denmark Street.
Feliz que nem um rato.
João Rui


London of Blue - After running the streets of London, the Westminster, Piccadilly Circus, it was time to send the the Wolf down the Old Ford Road. Samantha, who occupied today the the empty chair of Becky Lee in "Return To Me" was the one who first opened the curtains of the stage with the gospel of her voice. From the bottom of the Room, Blue was smiling like all the shades of the night. The blues make him smile even more. Patrick Wheeland and his entourage then moved through the night with careful steps: one could guess the howls that had been looking for us... But before the flood, about mid-afternoon, my twelve-string blues were waiting for me smiling as I was leaving Denmark Street.Happy like a mouse. João Rui

setembro 26, 2010

Memória sonhada [24.09.2010 Londres - UK]

Como me recordo de tudo isto se aqui sou um estranho? Memória sem memória.
How Do I remember all of this if I am a stranger here? Memory without memory.
João Rui

“Now get this, London calling, yeah, I was there, too
An' you know what they said? Well, some of it was true!
London calling at the top of the dial
After all this, won't you give me a smile? ”

In London Calling (Strummer/Jones)

setembro 24, 2010

Antwerp – Jigsaw You [23.09.2010 Antuérpia - Bélgica]

Guarda para o ultimo dia o melhor do que te restar.
Guarda para o fim esse sorriso que te transfigura.
This song is for you Jules.
Thank you!
João Rui
Antwerp - Jigsaw You - Save for the last day the best of what you have left. Save for the end that smile that transfigurates you. This song is for you Jules. Thank you! João Rui

setembro 23, 2010

Boerderij [22.09.2010 Gent - Bélgica]

Se quiseres que as tuas peugadas junto às ondas do mar não desapareçam, tens de as voltar a visitar.
Todos os dias.
Sem abandono.
Pudera eu ali dançar o dia inteiro.
Se eu soubesse como
João Rui
Farmhouse - If you don't want your footsteps next to the ocean waves to disappear, you have to go back to the visit them. Every day. Without abandonment. If I could only dance there all day. If only I knew how. João Rui

setembro 22, 2010

Arrivals & Departures III [Bélgica]

Há momentos dos quais não nos voltamos a apartar. Referência de memória? Ou será o caso de ser o momento em que o sangue atravessa mais violento no coração. Tal a força que se sente que é desta vez que ele vai estourar. Mas prossegue-se em diante, para onde quer que seja com esse corvo no ombro – e não te volta a abandonar a corrente sanguínea; como parte de ti.
E assim, fico para sempre sentado numa carruagem do metro de Hamburgo, com a luz, a espaços, a invadir-me os olhos.
João Rui

Arrivals & Departures III - There are moments from which we never depart. Reference of memory? Or maybe it’s the case of when the blood goes with more violence through the heart. Such a force that it feels that this time it will break. But you move forward to wherever it is, always with that crow on your shoulder - and it will never leave your bloodstream; as part of you. And in this way, I'm forever sitting on the metro of Hamburg, with the light from time to time invading my eyes. João Rui

Antes que me esqueça [21.09.2010 Bruxelas - Bélgica]

Sim, antes que me esqueça:
Deita as tuas penas de vitória nessa embarcação e lança-a às primeiras ondas que se quebrarem no teu peito.
É hora de voltar a terra que as novas conquistas são memória esquecida do teu futuro.
Hamburgo, junto ao porto.
João Rui

Before I forget - Yes, before I forget: Throw your winning feathers in that vessel and cast it to the first waves that break in your chest. It is time to return to land for the new conquers are the forgotten memory of your future. Hamburg, by the port. João Rui

setembro 21, 2010

Der Hamburger Hafen [20.09.2010 Hamburgo - Alemanha]

Há uma neblina que não chega a nevoeiro nem se transforma em chuva, junto às docas do porto de Hamburgo.
E cada vez que nos evadimos de casa, somos recebidos por essa humidade que não arrefece os ossos.
Cortamos o vento até ao metro e avançamos por passagens subterrâneas através das raízes desta cidade.
Fugimos da neblina, do vento e da chuva, mas não encontramos o sorriso do sol.
Então, a noite cai na sombra do Mobile Blues Club.
Hoje sou eu o convidado do Thomas e dos rapazes dos My Pony, My Rifle And Me na sua grande canção “Your Pa Fought With John Brown”. De banjo em riste, hoje a música transformou-se em “Your Pa & Me Fought With John Brown”.
Noite dentro, depois do lobo subir ao palco, regressámos à neblina.
João RuiThe Port of Hamburg - There is a mist that does not turn into fog or rain, along the docks of the port of Hamburg. And every time we escape from our house, we are received by that moisture does not cool our bones. We cut the wind to the metro and we move through underground passages around the roots of this city. We escape the fog, wind and rain but we didn’t see the smile of the sun. Then night falls on the shadow of the Mobile Blues Club. Today I am the guest of Thomas and the boys of My Pony, My Rifle And Me in their great song "Your Pa Fought With John Brown." With banjo in hand, today the song became "Your Pa & Me Fought With John Brown". After the wolf took the stage, we returned to the mist. João Rui

setembro 20, 2010

Wer reitet so spät durch Nacht und Wind? [20.09.2010 Hamburgo - Alemanha]

(If memory fails me, I am a voice without helmsman)
João Rui Photo by Daniela Maduro



"Wer reitet so spät durch Nacht und Wind?
Es ist der Vater mit seinem Kind.
Er hat den Knaben wohl in dem Arm,
Er faßt ihn sicher, er hält ihn warm....."
Johann Wolfgang von Goethe 1749-1832

setembro 19, 2010

Zijn geheim [18.09.2010 Gent - Bélgica]

Regressamos a Ghent, onde o frio ecoa através das paredes do Curieuze Neuze.
Mas a noite, para além do Tiny Legs Tim e do Fernant Zeste nas guitarras, desta vez traz-nos o segredo da Reena Riot que nos acompanha com a sua voz quente no “Return To Me” e no “His Secret”.
Obrigado Naomi, já há bastante tempo que estas músicas não eram acordadas pela voz feminina.
João Rui

Photo by Daniela Maduro

Zijn geheim - We return to Ghent, where the cold is echoing through the wall of the Curieuze Neuze. But tonight, besides the guitars of Tiny Legs Tim and Fernant Zest, the night brings us the secret of Reena Riot, that accompanies us with her warm voice in “Return To Me” and “His Secret”. Thank you Naomi, it has been a long time since these songs were last awaken by a feminine voice. João Rui

setembro 18, 2010

Rupelmonde [17.09.2010 Rupelmonde - Bélgica]

A norte de Bruxelles, para Rupelmonde.
Com o frio a entranhar-se cada vez mais no corpo.
Num sobressalto de calafrios que me atiram de encontro ao alcatrão.
Hoje sou fantasma sem sorriso até ao momento que o lobo me chama do palco.
E então o estranho que não convidei para esta mesa acompanha esse sorriso até ao fim da noite.
João Rui

Photo by Daniela Maduro

Rupelmonde, Belgium - To the north of Brussels, to Rupelmonde. With the cold increasingly tight to the body. In a gasp of chills that throw me against the tarmac. Today I am a ghost without a smile, until the moment that the wolf calls me from the stage. And then the stranger whom I did not invite to this table accompanies that smile to the end of the night. João Rui

setembro 17, 2010

O Cavaleiro Negro - Bruxelles [16.09.2010 Bruxelas - Bélgica]

O vento frio trocou-me os passos mãe.
Mas mesmo com o corpo contra o chão ainda acredito que o consiga fingir.
João RuiThe Dark Rider – Bruxelles: The cold wind tricked me mother. But still, with my body to the ground, I still believe that I can fake it. Joao Rui

setembro 16, 2010

Where is the Central Station? [15.09.2010 Reims - França]

De regresso à fronteira de Bélgica com França, partimos para o último concerto em terras de Rimbaud.
E como se não fora suficiente, também se apartam de nós dois bons amigos que nos acompanharam estes últimos dias. Segundo após segundo foram-nos arrancando gargalhadas como os melros espalhados nos campos verdes de França. Em pequenos sobressaltos. Desalinhados.
Esta última música no Pop Art Café em Reims foi para vocês os dois, Len e Zé.
Até Outubro, em terras do mar.
A noite de França, nos silêncios que o vento permite é poesia e paixão.
João Rui

Photo By Jonathan
Where is the Central Station? (Reims) – We return to the border of Belgium with France, we move for the final concert in the land of Rimbaud. And as if it were not enough, our two good friends who accompanied us these past few days will also depart. Second after second they tore from us a laugher that resembles more to the blackbirds scattered in the green fields of France. Misaligned. This last song in the Pop Art Café Reims for both of you, Len and Zé. Until October, in the lands from the sea. The night of France, the silence that allows the wind, it is poetry and passion. João Rui

setembro 15, 2010

Minor Swing [14.09.2010 Gent - Bélgica]

Eu sou a sombra de um sonho que tive. Um segredo que eu não ouvi bem.
Photo by Len
Minor Swing - I am what’s left of a dream I had, a secret that I did not hear quite right. Down The Willow's Bed. João Rui

1939 [13.09.2010 Liege - Bélgica]

Se a noite foi de um sonho de seis cordas, na manhã foi ainda mais fundo: como a lâmina do coração, para me entregar o resto do veneno que me aguardava dentro de caixas envoltas em cabedal envelhecido. 1968, 1964, 1963, 1951… Mas o meu coração parou em 1939… Patrick... Meu Deus... quantos anos eu esperei para ouvir este som que ecoa através da madeira e do qual fica um murmúrio que se entranha na pele, como o mar de Itália.
Seguimos para Liège (Bélgica) com o peito a transbordar.
Sem tempo. Sempre sem tempo para tudo o que queríamos ver. Entramos no Shamrock para embriagar os presentes e rumamos noite fora. Eu continuo em 1939.
João Rui

Photo By Jonathan
1939 - If the night was a dream of six strings, the morning was even deeper: as the blade of the heart, to give me the rest of the poison that awaited me in boxes wrapped in old leather.1968, 1964, 1963, 1951... But my heart stopped in 1939... My God... how many years I did wait to hear this sound that echoes through the timber and which is a murmur that penetrates the skin, like the sea from Italy.We continue to Liège (Belgium) with the chest overflowing. Without time. Always without time to see everything we wanted. We entered the Shamrock to drunk the ones who where waiting and we go back into the night. I’m still in 1939. João Rui

setembro 13, 2010

O covil tão longe do mar [13.09.2010 Bakhuizen - Holanda]

Longe de tua casa, onde o silêncio
é ausência e dor, ou apenas silêncio.
Hás-de compreender estas palavras:
Recorda-te que a minha razão é uma estranha coincidência.
João Rui

Photo by Len
The den, so far away from the sea (Bakhuizen/Netherlands) - Far from your house, where silence is absence and pain, or just silence. You’ll understand these words: remember that my reason is a strange coincidence. João Rui

setembro 12, 2010

Meio Caminho [11.09.2010 Roterdão - Holanda]

A estrada continua para norte até Antwerp para devolver a mão que daqui levámos. Contaram-me que este é o último dia de Verão na Bélgica, o que explica o estranho sorriso que veste a cara quando nos ocupamos de uma despedida.
Assim chegamos a casa, para acompanhar o Verão às portas da chuva.
É hora de lobos.
Mas a areia da ampulheta do tempo não é da nossa feição, porque nos chamam as ondas marítimas que acariciam Rotterdam. Voltarei em breve, como se andasse em círculos em torno de ti sem te encontrar o tempo.
E procuramos então o Exit, onde a noite se transformou em uivo. Curioso como nos últimos dois dias o lobo foi vida em quatro países diferentes. Em fuga. E ainda nem chegámos a meio caminho de todo o espaço que nos falta para o outro silêncio.
Continuamos a encontrar novos companheiros de viagem, como o Herr Dr. Joseph Dops.
Pena que não tenha para vocês o tempo que me resta.
João Rui

Photo by Len
Halfway – The road continues to the north, to Antwerp to return the hand that we took from here. They told me that this is the last day of summer in Belgium, which explains the strange smile one wears in the face when dealing with a farewell. So we got home, to accompany the summer to the gates of the rain. It's time for wolves. But the sands of the hourglass of time is not on our way, because we’re being called by the tidal waves that caress Rotterdam. I’ll come back soon, as if I was walking in circles around you without finding you the time. And then we look for the “Exit”, where the night turned into a howl. Curious how in the last two days the wolf’s howl lived in four different countries. A fugitive. And we have not even reached half way of the space that we need to walk to find the other silence. We continue to find new travel companions, like Herr Dr. Joseph Dops. Pity I do not have for the time that I have left. João Rui

Dromen en veren [10.09.2010 Gent - Bélgica]

Se amanhã não te recordares de mim, não te preocupes
que sou apenas o teu coração cansado que às vezes se esquece de rir.
João Rui
Dromen en veren - If tomorrow you don’t remember me, don’t worry, for I am just your heart that sometimes forgets to laugh. João Rui

setembro 10, 2010

Herr Dubliner [09.09.2010 Offenburg - Alemanha]

Reencontramos o sorriso da Claudia Fleischner na Fnac de Mulhouse, o do Jean-Pierre do Copains d'Abord. O sorriso da cidade inteira que mais uma vez acolheu os acordes que trouxemos de tão longe. Como o Zé e o Len que vêm das bandas do nosso mar ainda com o nosso sol na pele.
Mas hoje não há tempo para deixar amadurecer os sorrisos de França.
Regressamos à Vaterland, Offenburg, sul da Alemanha onde a Heidi nos abriu as portas do The Dubliner onde o Pascal nos esperava ao Piano.
É como diz o Gary: estou apaixonado pela surpresa da estrada. Nunca se sabe o que a noite nos vai trazer.
A mim trouxe-me um sorriso.
Thank You Jonathan
João Rui Herr Dubliner – We meet again the smile of Claudia Fleischner in Mulhouse and the one of Jean Pierre. The smile of a whole town that one more recognized the chords we brought from so far away. Like Zé and Len, that came from our sea still with our sun in their skin. But today we have no time to let the French smiles ripen. We return to the Vaterland, Offenburg, south of Germany where Heidi opened for us the doors of The Dubliner, where Pascal was waiting for us by the piano. It’s like Gary says: I’m in love with the surprise of the road. You never know what the night is going to bring for us. For me, she brought a smile. Obrigado Jonathan. João Rui

setembro 09, 2010

Arrivals & Departures [França]

Se ontem era a chuva que nos recebia, hoje que era ontem condensado em poucas horas, é um céu ameaçador o que nos vem olhando de soslaio. Foi-nos seguindo até às portas de Paris apenas para nos fustigar os olhos quando os dois sorrisos que nos acompanhavam tiveram que partir da nossa beira.
Ou um sorriso e a promessa de outro.
João RuiArrivals & Departures II – If yesterday it was the rain that received us, today that was yesterday condensed in just a few hours is but a threatening sky that has been looking upon us. He followed us to the doors of Paris only to brush our eyes when the two smiles that came with us had to leave our side.
Or a smile and the promise of another. João Rui

setembro 08, 2010

Le retour [07.09.2010 Paris - França]

Se a minha voz não soubesse disto. Deste segredo que lhe chega do calor do peito…
If my voice didn't know about this. Of this secret that comes from the warmth of the chest...
João Rui

“Je reviendrai, avec des membres de fer, la peau sombre, l'oeil furieux : sur mon masque, on me jugera d'une race forte. J'aurai de l'or : je serai oisif et brutal.”
Arthur Rimbaud in “Mauvais sang” (Une saison en enfer, avril-août 1873)

setembro 07, 2010

Nunca mais voltarei a ver este pôr-do-sol

Continuo preso em mármore. Descemos Volterra em círculos cada vez mais apertados até nos podermos separar dos olhos das bandeiras que voltejavam em redor dos corpos de sombra.
A Florença, para saber o que é desse vento que a ela nos chama e corremos de igreja em igreja: pela fé de que o coração se há-de despedaçar dentro de uma delas. Foi o que o vento me contou.
Mas ocorreu-me mais uma vez que no fim dos teus olhos conhecerem o sonho que é a medida de tudo o que se segue e lhe antecede, as tuas preces deviam tornar-se silenciosas. Ou cautelosas. Porque se assim não for, a angústia será o teu pão e a solidão o teu vinho.
Se sou então um estranho nesse templo, deixa-me mendigar o silêncio que me for prometido ou deixa-me acreditar na mentira que o vento me ofereceu
Onde quer que te tenha perdido, ainda não encontrei o teu perdão.
João RuiI’ll never see this sunset again - I’m still lost in marble. We descend from Volterra in increasingly tight circles until we’re able to part our eyes from the flags that swirled around the bodies of shadow. To Firenze, to know what is of that wind that calls us upon her. We run from church to church for the faith that in one of these, our heart will be torn apart. That’s what the wind told me. But it occurred to me once more, that after your eyes know the dream that is the measure of all that follows and precedes it, then your prayers should become silent. Or cautious. For if not, anguish will be thy bread and wine your solitude. If I am a stranger in that temple, let me beg the silence that will be promised to me or let me believe in the lie the wind offered me. Wherever I lost you, I’m yet to find your forgiveness. João Rui

setembro 06, 2010

Toscana Medieval

São apenas duas ruas as que nos separam uma boa mão-cheia de séculos da solidão da pedra angular de Volterra. Apenas uma mão, bem cheia.
João Rui

Medieval Tuscany – Only two streets separate a good handful of centuries from the solitude of the angular stone of Volterra. Only one hand. Full. João Rui

setembro 05, 2010

Idiot Smile (Live On The Road)

Video: Sofia Silva (Lisboa, Julho 2010)


So I sat and I waited, patiently for the years to pass
with the violence of each day, of each coming day
When they thought I was running away,
I was merely gathering speed
I was merely gathering speed my friend
I did my best to avoid you
I made all efforts not to see her
my silence says too much
has shades of absence and the wrecks of your touch
Has your breath stopped lately?
do you not see it clear?
the life you knew laughs from the window
oh Idiot smile where have you gone to?
trust not the devil when your hands are clear
I'll tell the truth for once, this time;
My lies have aged to perfection
Oh my euphoria has its nerve in you
Oh my euphoria has its nerve in you
Has your breath stopped lately?
do you not see it clear?
the life you knew laughs from the window
oh Idiot smile where have you gone to?
trust not the devil when your hands are clear
Oh my euphoria has its nerve in you
Oh my euphoria has its nerve in you

Uno

Pudera eu aqui ficar até o sol se pôr. E de novo até voltar a nascer. Até que não pudesse distinguir nem dia nem noite, nem mesmo eu.
Mas a noite arrasta-nos para Volterra…
João Rui At one – If only I could stay here until the Sun was set. And again until it was born again. Until I couldn’t tell day, nor night, and not even me.
João Rui

setembro 04, 2010

O Velho Cárcere [04.09.2010 St.Arcangelo, Italy]

Ainda ouço a tua voz que me dizia que Roma não podia ser conquistada. Tem de ser seduzida.
Mas que segredo é esse da inquietude do coração que se esquece tão rápido de como se comanda essa dança?
Então nada me resta senão prostrar-me diante dela e esperar o momento em que o meu peito se vai quebrar. Porque sei que se vai quebrar.
Retorno às ruas de Fevereiro onde ainda moram os sorrisos que me receberam quando o frio era nosso companheiro. Cada alvéolo se expande e contorce para ser o primeiro a perecer com a violência deste incêndio que procura casa em mim.
Mas enfim parto. Parto porque não aprendi a reconhecer os meus olhos que aqui moravam.
(Em verdade daqui não se pode sair)
Seguimos para norte até Santarcangelo di Romagna onde nos esperavam as paredes do velho cárcere, que nas memórias de séculos passados foi encontrar espaço para o fôlego do lobo. E como dantes, da parte de fora do Velho cárcere, as vozes e os risos ecoaram através de Itália inteira.
Como me vais faltar…
João Rui

The Old Prison - I still hear your voice telling me how Rome could not be conquered. She must be seduced. But what is this secret of the disquiet of the heart that so quickly forgets how to lead this dance? So nothing remains for me but waiting in front of her for the moment when my chest will break? Because I know it will break. I return to the February streets where the smiles that received us when cold was our companion still live. Each alveolus expands and turns to be the first to perish with the violence of this fire that is searching a home in me. But alas I leave. I leave because I haven’t learned to recognize my eyes that were already living here (In truth one can never leave from here). We head north to Santarcangelo di Romagna where the walls of the old prison were waiting for us. And he made space for the breath of the wolf in his memories of ancient centuries. And like before, outside the prison walls, the voices and laughter echoed through the rest Italy. How I will feel your absence… João Rui

il Mare

Queria despedir-me deste mar. De lhe deixar o meu adeus e a certeza de retorno. Mas a voz que corre na planície marítima não me permite despedida: se não te falo é porque a minha voz se some apaixonada pela tua.
João Rui

il Mare – I wanted to say goodbye from this sea. To leave him my goodbye and the certainty of return. But the voice that runs over the maritime plain won’t allow it: if to you I do not speak it is for my voice vanishes in love with yours. Joao Rui

setembro 01, 2010

il bar Sotto il mare

Refém desta terra, embriagado de azul, vem-me visitar a saudade não sei bem de quê.
João Rui

Hostage of this land, drunk with blue, a longing of something I do not understand comes for me
João Rui