E se o caminho tivera sido outro? A caminho do coração do Alentejo, as cidades vão surgindo por detrás dos montes que a estrada rasga. Calor impossível de afagar. O termómetro regressa ao verão por instantes. Ainda é cedo, mas a visão do mar da Nazaré torna esta verdade numa realidade. Talvez seja o brasido do verão que me vem avisar da despedida da sua clemência. Seremos suor e pouco mais dentro de alguns meses. Beja recebe-nos no estertor desta Primavera recém-nascida, como se ela soubera do Desassossego que em nós também habita. E se o caminho tivera sido outro? Este palco ruidoso é irmão de outro que encontrámos em Itália. É-o no nosso coração. Talvez seja por isso que ele lá ficou. Mais uma memória que encontrou forma de não desvanecer. E a esta hora que regressamos a casa, já a chuva voltou para nos esquecer do sol e de tudo o mais possível de esquecer. Já pouco somos de onde estamos e já tão pouco somos quem éramos. E se o caminho tivera sido outro?
João Rui
The disquiet of the road - What if the path had been another? In our way to Alentejo, the cities appear behind the hills this road is tearing apart. Impossible heat. The thermometer returns to summer for a brief instant. It’s still too soon, but the vision of Nazaré’s sea turns this truth into a reality. Maybe this heat of summer is coming to warn me of the farewell of its mercy. We will be no more than sweat in a few months. Beja receives us with the last breath of this new born Spring. As if she knew of the disquiet that also lives within us. What if the path had been another? This noisy stage is a brother of one other that we found in Italy. It is so in our heart. Maybe that’s why he stayed there. Another memory that found a way to not fade away. And at this hour that we return home, the rain made its way back to make us forget of the sun and all other things that are possible to forget. We are so far from where we are and we’re so far from what we were. What if the path had been another? João Rui