O passado é daquelas coisas que não conseguimos deixar para trás. Pelo menos não o suficiente para seguirmos para diante sem segredos entre os dedos.
Cada um destes dias tem uma voz diferente. Tem uma entoação particular.
A voz que primeiro adivinha a melodia das palavras tem olhos de lobo: os segredos das palavras renderam-se ao seu fôlego. E ela tomou-os, chegou-se à porta que dá para as bandas do meu sangue, olhou para trás e seguiu urgente - com as flores do caminho a fustigar-lhe as pernas.
Assim, a voz que hoje regressa, é filha de emoções que não são de agora. Reconheço-lhe o olhar mas já não lhe conheço as mãos.
Quando me precipito para o microfone, ela dança entre os meus dedos e os meus segredos.
Bem-vinda, minha estranha assassina. Nem tudo era saudade…
“I am what’s left, of a dream I had”
Cada um destes dias tem uma voz diferente. Tem uma entoação particular.
A voz que primeiro adivinha a melodia das palavras tem olhos de lobo: os segredos das palavras renderam-se ao seu fôlego. E ela tomou-os, chegou-se à porta que dá para as bandas do meu sangue, olhou para trás e seguiu urgente - com as flores do caminho a fustigar-lhe as pernas.
Assim, a voz que hoje regressa, é filha de emoções que não são de agora. Reconheço-lhe o olhar mas já não lhe conheço as mãos.
Quando me precipito para o microfone, ela dança entre os meus dedos e os meus segredos.
Bem-vinda, minha estranha assassina. Nem tudo era saudade…
“I am what’s left, of a dream I had”
JoaoRui
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/5 days adrift/ Day 3: The hunger of secrets
The past is one of those things that you can’t leave behind. At least not enough to push forward without secrets between our fingers. Each one of these days has a different voice. Has a certain tone. The voice that first guesses the melody of the words, has wolf’s eyes: the secrets of the words surrendered to her breath. And she took them, got to the door that leads to the side of my blood, looked behind and went urgently – with the flowers of the path caressing her legs. This way, the voice that returns today, is the daughter of emotions that do not belong to this time. I recognize her eyes, but I do not know her hands anymore. When I precipitate to the microphone, she dances between my fingers and my secrets. Welcome my strange assassin. Not everything was saudade. “I am what’s left, of a dream I had”
The past is one of those things that you can’t leave behind. At least not enough to push forward without secrets between our fingers. Each one of these days has a different voice. Has a certain tone. The voice that first guesses the melody of the words, has wolf’s eyes: the secrets of the words surrendered to her breath. And she took them, got to the door that leads to the side of my blood, looked behind and went urgently – with the flowers of the path caressing her legs. This way, the voice that returns today, is the daughter of emotions that do not belong to this time. I recognize her eyes, but I do not know her hands anymore. When I precipitate to the microphone, she dances between my fingers and my secrets. Welcome my strange assassin. Not everything was saudade. “I am what’s left, of a dream I had”