Setembro é o mês de todas as partidas. As desejadas e as adiadas, as secretas e as já há tanto anunciadas…
Desenterramos da areia as andorinhas do nosso Abril, largamos ao céu as âncoras de Agosto, abrimos os braços de linho às ondas de Novembro. Sabemos bem que aquele esboço no horizonte poderia ser Ícaro de asas unidas, como lembra o poeta do cachimbo, “para que nenhum sol as desfizesse”.
É de sal a espuma fresca aos nossos pés e de areia macia as lágrimas que guardamos nos bolsos.
Alguém tatuou na pele “A vida não é um destino, é uma viagem”. Alguém espera de malas feitas o próximo voo. Alguém junta letras com a minúcia de quem resolve um puzzle gigante. Alguém arranca papel de parede com os dentes para desventrar o passado. Alguém passa noites em claro a rabiscar uma estratégia bélica a que chamou “Futuro”. Alguém acredita.
É de música salgada cada um dos nossos olhos e não precisamos cruzá-los, porque partilhamos o mesmo horizonte… azul… imenso…
Susana