janeiro 11, 2009

Dia 31: / 5 dias à deriva / Dia 2: All vocal and no guitar makes Jack a dull boy



Que bela embarcação… Não tem velas ou leme e não lhe adivinho o fundo. Encostámo-nos os três dentro dele e a espuma das ondas ergue-se para beijar as ripas que o mantêm à tona. Rangem como se foram dentes quando o vento estala a língua nos nossos ouvidos. Seguimos em frente, em frente, para onde quer que isso seja. São seis mãos nuas que ditam os contornos da viagem. Ora eu, o Miro ou o Jorri: à vez, ou em uníssono, precipitamos os dedos para as ondas e o barco toma esse rumo. São bons substitutos de leme: são os primeiros a ouvir o estranho companheiro que debita para o microfone palavras roubadas à tinta. São também os que ouvem o vento que vem dos lados do castelo que trazem flores e saudade.
Se não fosse eu a trazer o Jack, ele tinha perdido isto tudo... A meio da faina chegou outro par de mãos: o Mestre aproximou-se num barco de pesca que quase nos afundava (veio com desculpas de 8 horas de corsário).
Já sinto falta de uma guitarra para me encantar. Não sou jogador de cartas e não conheço o cansaço das horas quando o tempo se esconde entre seis cordas.
Quando o dia acaba, já não sabemos se hoje foi ontem, ou se hoje é amanhã. No apagar das luzes, a noite já pesa nos olhos e os passos são mais lentos.

“and it’s a slow walk, back into the night”

JoaoRui

-----

/5 days adrift/ Day 2: All vocal and no guitar makes Jack a dull boy

What a nice vessel ... It has no rudder nor sails and I can not you guess the bottom. The three of us curled up inside it and the foam rises up to kiss the strips that keep it afloat. They grind as teeth when the wind’s tongue snaps to our ears. Onward, we move forward wherever it may be. There are six bare hands to dictate the contours of the journey. Either mine, Miro’s, Jorri’s or all at the same time. Our fingers precipitate to the waves and the boat takes that course. They are good substitutes of a helm: they are the first to hear that strange partner pouring to the microphone the words that were stolen from the ink. They are also those who hear the wind coming from the sides of the castle, bringing flowers and saudade.
If I were not to bring Jack, he would have missed all of this...

In the middle of these works, we found another pair of hands: Mestre approached us in a boat that almost sank us (he came with apologies of 8 pirate hours).
I already miss the lack of a guitar to delight me. I am not a card player, nor do I know the fatigue of the hours, when time is hidden between six strings. At the end of the day, we do not know if today was yesterday, or today is tomorrow. When the lights are finally turned off, the night weighs heavily over our eyes and the steps are slower.

“and it’s a slow walk, back into the night”