Os dias em que acompanhamos o lobo ao palco são de uma estranha relação com a dilatação da linha do tempo. Se em momentos as horas parecem não conhecer o vagar dos mastros do relógio, noutros são o tecido das velas que ao desenrolar ao longo deles os precipitam para diante – e do tempo não somos mestres mas apenas capitães de um barco que parte sempre sem leme e que o coração gostava de poder navegar. Assim, desprovidos de tal magia nas nossas mãos, aguardamos a hora da tempestade desconhecedores não dos minutos ou segundos, mas sim do tempo que para ela vamos demorar – ou a percepção dele.
Quando o vento começa a roçar os lábios nas primeiras ondas, o tempo gosta de se demorar na berma das fissuras do coração, mas quando por elas finalmente resvala no primeiro acorde, então torna-se navalha, lancetando o seu passado tão rápido como o quão rasga futuro.
Quando se apaga a última luz do palco e a poeira procura poiso certo, ainda procuramos onde se foi o tempo esconder na lentidão com que os mastros continuam a jornada.
A esta hora que a tinta se esvai da pena, vou eu procurando esconderijo dentro do meu peito para a magia desta noite, de modo a que quando a navalha aqui voltar não me seja vilipendiada.
Joao Rui The blind blade - The days in which we follow the wolf to the stage are of a strange relationship with the dilation of the timeline. If at times the hours do not seem to know the drift of the masts of the clock, in others, they are the fabric of the sails falling down along them and pushing them forward - and of the time, we are not masters but only captains of the boat that left without a rudder and that the heart would like to be able to navigate. Thus, lacking such magic in our hands, we look forward for the hour of the storm not unaware of the minutes or seconds, but the time it will take to get her - or at least his perception. When the wind begins to rub his lips in the first wave, time likes to linger in the side of the cracks of the heart, but when he finally slips inside them by the first chord, he becomes a blade, lancing his past as fast as how he tears future. When the last light of the stage falls down and the dust looks for a sure landing, we still keep looking where time went hiding in the slowness with which the masts continue the journey. At this time, when the ink is fading from the quill, I'm looking inside my chest to hide the magic of this night, so that when the blade returns to this place I won’t be stolen of it. Joao Rui
Quando o vento começa a roçar os lábios nas primeiras ondas, o tempo gosta de se demorar na berma das fissuras do coração, mas quando por elas finalmente resvala no primeiro acorde, então torna-se navalha, lancetando o seu passado tão rápido como o quão rasga futuro.
Quando se apaga a última luz do palco e a poeira procura poiso certo, ainda procuramos onde se foi o tempo esconder na lentidão com que os mastros continuam a jornada.
A esta hora que a tinta se esvai da pena, vou eu procurando esconderijo dentro do meu peito para a magia desta noite, de modo a que quando a navalha aqui voltar não me seja vilipendiada.
Joao Rui The blind blade - The days in which we follow the wolf to the stage are of a strange relationship with the dilation of the timeline. If at times the hours do not seem to know the drift of the masts of the clock, in others, they are the fabric of the sails falling down along them and pushing them forward - and of the time, we are not masters but only captains of the boat that left without a rudder and that the heart would like to be able to navigate. Thus, lacking such magic in our hands, we look forward for the hour of the storm not unaware of the minutes or seconds, but the time it will take to get her - or at least his perception. When the wind begins to rub his lips in the first wave, time likes to linger in the side of the cracks of the heart, but when he finally slips inside them by the first chord, he becomes a blade, lancing his past as fast as how he tears future. When the last light of the stage falls down and the dust looks for a sure landing, we still keep looking where time went hiding in the slowness with which the masts continue the journey. At this time, when the ink is fading from the quill, I'm looking inside my chest to hide the magic of this night, so that when the blade returns to this place I won’t be stolen of it. Joao Rui
estamos à espera da história da mala, que ficou por contar...
ResponderEliminar:)
susana r.