março 30, 2010
Sangue Eborense
março 28, 2010
O sossego das horas [25.03.2010 Lisboa]
Vou deixar as horas passar.
Enquanto a música estoura os ouvidos, já sentados na mesa em frente ao palco onde o delírio ainda há pouco descia em cada corda, em cada tecla, em cada baqueta que se comprimia de encontro ao adufe…
Obrigado Helder, Jorge… a todos os que encostaram às paredes vermelhas que sobem até ao tecto negro da Galeria e que trouxeram o sorriso de quem já esperava este encontro.
A galeria tem isto. Levamos sempre mais do que o que trouxemos…
Thank you…
Joao Rui
The quiet of the hours - We arrived in Beja to see the sun breaking through the clouds that rinsed the last drops of water. We came in time to hear the sound of bells announcing the end of the afternoon and the beginning of another life. The Gallery of Disquiet has overtones of poetry inherited from the days of unrest. I'll let the hours pass. While the music breaks the ears, we, already seated at the table in front of the stage where the frenzy has just descended on every string, on each key, in each drumstick that was pressed against the adufe...Thanks Helder, Jorge ... all those who touched the red walls that rise up to the black ceiling of the Gallery, and that brought the smile of whom had expected this meeting. The gallery has this things. We always take more than what we brought ... Obrigado ... Joao Rui
março 27, 2010
A entrega dos passos
É bom regressar a terra que nos conhece os pés, onde a barreira que a linguagem oferece além-fronteiras aqui é vinho que desce languidamente.
Cada vez que regressamos trazemos novas histórias, desta feita de evangelizações, veados e furões. As coincidências são daqui. Entregar a história do furão a uma sala onde a presidente do clube nacional do furão decidiu vir entregar-se à noite é uma delas… brilhante! Ainda hei de adoptar um desses pequenos... E depois há sempre os reencontros, o Zé Pedro que realizou o vídeo do “Red Pony”, a Raquel… aliás, Sofia, que conhece os olhos do lobo quando se encontram ao espelho; desarmados, de raízes quebradas.
Bom regressar.
Joao Rui
The delivery of the steps - If I remember correctly, last time we came to the Cabaret, it rained as if it were the end of the sun. Today is no different: we had to cut through a wall of rain until the red blood of the cabaret lounge. The whole afternoon watching the wolf smiling for the cameras that asked him to deliver his steps. It's good to return to the land that knows of our feet, where the language barrier that cross-border brigs, here is wine that goes down languidly. Each time we return we bring new stories, this time of evangelizations, deers and ferrets. Coincidences are here. To deliver the story of the ferret to a room where the club president's national ferret decided to come to indulge the night is ... brilliant! One day I will adopt one of these little fellows... And then there's always the meetings: Ze Pedro who made the video of "Red Pony," Raquel... moreover, Sofia, who knows the eyes of the wolf when they find themselves in the mirror, unarmed, with roots broken. It’s good to return. Joao Rui
março 24, 2010
Pássaro de ferro (VII - Porto)
Tudo o que viesse…
Iron Bird (VII - Porto) - “I swore no to leave you, even in the most improbable scenario; and in the faithfulness that I offered you, I promised to betray anything that could come to have you in my arms. Everything that could come… ” and then the thief lowered his eyes, threw his hands to the floor and his knees quickly followed. The fingers, shaking still, searched for a last goodbye – and as he went away he whispered “if I don’t find you on the other side, I’ll set fire to the pigeonry”. Everything that could come. Joao Rui
março 22, 2010
Rios de Chocolate
Então, seguimos para a rue du Midi onde dois amigos recentes, o Jonathan e o Chris (que ao que parece chegou a fazer parte da banda que agora dá pelo nome de dEUS) estiveram a dar um concerto em registo de banda sonora para o filme “a sombra do vampiro”. Brilhante!
De seguida, a Grand Place onde a cada esquina espreitam ruas que transbordam de pessoas que aqui afluem para ver as paredes ornamentadas de ouro. Mas não nos quedamos por aqui – vamos em frente através de um túnel iluminado pelas luzes brilhantes de uma centena de restaurantes que esperam até hora tardia o último apetite dos turistas – longo túnel que percorremos não sei bem durante quanto tempo até um beco onde me parece que há um bar que detêm o record do Guiness de variedade de cervejas (genial) – e quase em frente a este bar (daí a descrição para o turista incauto), caso o queiram visitar, encontrámos o petiz desnudo. Shame on you young man! Mas tragam uma lupa, telescópio, microscópio ou qualquer outra arma de visão da vossa escolha, porque a estátua é pouco maior que a minha mão.
No regresso a casa, por uma das travessas da praça, encontrei o meu El Dorado: uma casa inteiramente dedicada à venda, troca, empréstimo, penhor, escultura, artesanato, tricôt e tudo o mais que se possa imaginar de MEL! De acordo com a tabuleta aberta deste 1882, o que também me é uma data quase querida, mas para tão grande infelicidade minha, fechada há umas boas horas… triste ironia do destino… então resta-nos continuar a caminhada por entre as fontes e cascatas de chocolate. Cortámos as amarras do bote e seguimos com o barqueiro pelos rios de chocolate à procura do lobo nas ruas de Bruxelles.
Joao Rui
Rivers of chocolate - We need to let the dust fall to the ground before resuming. Let’s start again. Time to hug the streets of Brussels where each door is for a street flanked by an endless row of houses devoted entirely to chocolate. Chickens with 8kg of chocolate and the usual charismatic small naked boy in less than appropriate activities (it may seem relatively imbecile to conquer immortality like this, but if there is patent registration, the grandchildren of the same inclinations themselves will be certainly grateful. Bravo little boy! ) So we proceeded to the Rue du Midi where two newfound friends, Jonathan and Chris (who apparently came to be part of the band who now goes by the name of dEUS) were to give a concert against the movie "Shadow of the Vampire" Brilliant! On returning home, one of the lanes of the plaza, I found my El Dorado: a house devoted entirely to the sale, exchange, loan, pledge, sculpture, crafts, knitting and everything else imaginable of HONEY! According to this tablet it was opened in 1882, which also is a date near a darling of mine, but for my great unhappiness, closed for the night ... sad irony of fate ... so we can only continue to walk among the fountains and cascades of chocolate. We cut the moorings of the boat and sail with the boatman on the rivers of chocolate, looking for the wolf in the streets of Brussels. Note: I’m already warning that I will not take chocolate to anyone! (And yes, Belgian chocolate is magnifique!) Joao Rui
março 20, 2010
Pássaro de Ferro (VI - Frankfurt)
É como fechar os olhos e alguém virar o mapa do avesso. Mas há que aprender a aceitar as pequenas contrariedades como experiências de vida – claro que se enfrentam melhor com mais do que meia hora de sono no pêlo, mas é tudo bom. Desviámo-nos cerca de 300Km e 4 horas do planeado e pousámos entre gaufres e baldes de café. Tudo é bom. Nem nos recebeu o frio para o qual vínhamos preparados nem tão pouco a polícia encontrou ainda razão para o habitual rendez-vous. Atravessamos boa parte da Alemanha e em poucas horas, sem dar por isso, já estamos na Bélgica à porta do Piola.Libri com o nosso nome no cartaz do aniversário. Parece ser uma casa que guarda histórias, como as que eu vou guardar se o sono não me roubar o pouco que me resta da lucidez que mal sobra para escrever.
Joao Rui
março 14, 2010
Ladies & Gentlemen, Boys & Girls, O regresso do Lobo.
Por ora e hoje, apenas em Coimbra, nossa terra natal. No dia 25 de Março, depois de darmos um pulo à Bélgica, cá voltamos para fazer o lançamento, no Cabaret Maxime.
Esta é a capa, que foi desenhada pelo Pedro Freitas:
“ As marcas mais profundas que o tempo nos deixa ocorrem durante a infância, no nosso estado de inocência. Somos, durante um período (muito, muito curto) da nossa existência, diamantes em bruto. Mais tarde ou mais cedo acabamos por ser delapidados pelo tempo.
No entanto, há imagens que perduram, sensações que não esquecemos. Uma delas é aquela em que o lobo se afigura como um demónio, um monstro, a personificação do medo. É uma imagem tão forte que nos constrange, consumindo o espaço à nossa volta e suprimindo o ar que o preenche. Com a idade, a perspectiva muda e os medos que tínhamos desvanecem-se: os nossos olhos reconhecem agora as formas caninas deste ser.
O conceito deste conjunto de músicas é o das ilusões que nos roubam o espaço. No momento em que nos apercebermos da sua queda, já teremos sido curvados pelo tempo. Quando o lobo deixa de ser uma figura ameaçadora, passando a ser meramente um ser vivo, ele torna-se no sinal de que a ilusão terá chegado ao fim.
O lobo, que era uma ameaça, reflecte agora as falhas de um diamante delapidado. É demasiado tarde, não conseguimos recuperar quem fomos no nosso estado bruto. O lobo acaba por ser uma ilusão/recordação da nossa inocência – essa sim, uma quimera. “
Lista das músicas: ou esperam até dia 25 ou vêm hoje a Coimbra juntar-se ao lobo
“The Wolf is Comin’ Boys!”
Joao Rui
Ladies & Gentlemen, Boys & Girls, the return of the wolf - Today, March 14th is the day of the pre-release of the 2nd edition of our album, "Like The Wolf." This time, the wolf returns with another name – “Like The Wolf Uncut” and it’s the complete view over our “Like The Wolf” without censorship of time. This second edition brings all the roads that the wolf crossed to our arms, more music, more instruments still… more heart… Today it’s only in Coimbra, our hometown. On the 25th of March we’ll return after a brief trip to Belgium to present the official release of the album at the Cabaret Maxime in Lisboa.This is the cover, which was designed by Pedro Freitas: (see Upwards) This is a conceptual album, which can be described as follows, more or less in an informal manner: "The deepest marks that time leave us, occurs during childhood in our state of innocence. We are for a (very, very short) of our existence, diamonds in the rough. Sooner or later, time ends up eroding us. However, there are images that last, feelings that we do not forget. One is that in which the wolf is like a devil, a monster, the personification of fear. It is an image so strong that it constraints us, consuming the space around us and steals the air that fills it. With age, the perspective changes and fears that we had fade: our eyes now recognize the canine forms of this being. The concept of this set of songs is of the the illusions that steal our space. As we realize its fall, we will have already been bent by time. When the wolf ceases to be a threatening figure and becomes a mere living being, it becomes the sign of the illusion that has come to an end. The wolf, which was a threat, now reflects the flaws of a cut diamond. It is already too late, we can’t recover to the state where we were our rough form. The wolf ends up being an illusion/memory of our innocence – that is, indeed, a chimera. ". About the list of songs you’ll just have to wait for the 25th or come and join the wolf in Coimbra “The Wolf is Comin’ Boys!” Joao Rui
março 12, 2010
Montanhas nossas
Hoje foi Vila Real de novo, como há mais de um ano atrás, ainda o lobo era apenas uma miragem junto à porta que nós fomos descobrir. O espaço foi diferente e o número dos que hoje acudiram ao Teatro de Vila Real foi maior. Bom reencontrar caras que nos recordamos desse concerto na “Espontânea”.
Prometemos regresso.
Gostei de vos ver
Joao Rui
Our Mountains - I seem to write everything in rooms of anonymous hotels of which I forget two minutes after I leave. But I never lose the memory of places ... while returning to Trás-os-Montes is impossible not to recall the mountains where we walked the last few months - and the difference lies only in the time that those memories are within us. These mountains that already know the weight of the steps have a long history with my heart and so, as I returned on my way through them, the memories rush to the balconies of my heart, where my smile hangs, just to collect new memories. Today was Vila Real again, like more than a year ago, when the wolf was just a mirage at the door we found. This time the space was different and the number of people who arrived at the Teatro de Vila Real was higher. It was good to rediscover faces we remember from that concert in "Espontânea". We promise return. I was pleased to see you Joao Rui
março 11, 2010
Pássaro de Ferro (V - Porto)
Ao longe distinguem-se os cumes das montanhas que rasgam as nuvens por umas horas de solidão. Atravessamos as planícies de Espanha de encontro a ventos adversos com a promessa de bom tempo no Porto, que será hoje o de abrigo.
São dias agitados em que nos erguemos ao céu para no primeiro pé que ao chão retorna ser já o caminho para outro destino.
A noite nos barcos em Lyon vai no bolso do casaco à espera de lugar vago no coração. Que corrente incrível enfrentavam… agora resta esperar a visão marítima que os meus olhos sempre anseiam. A tinta negra jorra em grossas bátegas da caneta perdida.
Enfim o mar…
Joao Rui
Iron Bird (V - Porto) - Back to the song of the bandit. Always in a different note, but culminating with the same verse, this time in French "c'est mon amour". And the smile on the other side in my affection for the six strings guarantees a pass with them wrapped in my arms. The second part of the song takes place after the checking in, the plane with the flight attendants - but the coincidences are such: they are exactly the same two people of the Iron Bird I. then, the bandit leaves the stage to make room for wolves. Pedro, one of them, was waiting near the bird's wing and he is also a musician ... so we could not go with better company. In the distance, there are mountain tops that tear the clouds for a few hours of solitude. We crossed the plains of Spain against adverse winds with the promise of good weather in Porto, which will be our shelter of today. Turbulent days in which we rise to the sky and the first foot that stands the ground is just to head for another destination. The night in Lyon on the boats are going in my pocket waiting for vacant room in the heart. What incredible river stream... now I only have to wait for the maritime view that my eyes always crave. The black ink flows heavily from the lost pen. Finally the sea ... Joao Rui
março 09, 2010
Entre fronteiras (coltellino svizzero) [Suíça|Alemanha|França]
Por onde começar? Talvez na continuação dos compêndios dos manuais de iniciação anotados:
Suíça: Quando em auto-estrada não há portagens mas sim um selo que se pode adquirir por 40 Francos, válido para nela circular o ano inteiro. Sim, não há portagens, é “à confiança”, que é a expressão que aqui mais se houve “à confiança”. Pois bem, mas se por acaso descobrirem este facto do selo apenas a 20 minutos de saírem do país (através da auto-estrada) aqui fica o nosso aviso: não ultrapassem o carro da polícia à confiança, porque ele poderá ultrapassar o vosso, olhar para trás e quiçá indagar do paradeiro do selo. A multa é de 180 Francos. No entanto, se por um mero acaso, no decorrer da animada conversa com as forças da autoridade eles indagarem o que fazem no país e vocês tiverem na vossa posse uma agenda da Fnac com a vossa fotografia, poderão obter um sorriso e pagar apenas o referido preço do selo (assim sendo, acautelem-se viajantes).
Alemanha: se na Suíça a ultrapassagem das viaturas vos trará dignas tertúlias, na Alemanha o caso não é diverso: claro que aqui vos aconselhamos a uma higiene cuidada, pois vos garantimos que vos irão revistar tudo: desde os bolsos das calças à caixa da guitarra e culminando com os simpáticos senhores a cheirar (sim a cheirar tal aprendiz de perfumista) as vossas carteiras – “não senhor guarda, não temos haxixe nem nada que pareça”. Que diabo de ideia assumir que todos os músicos trazem droga no carro. Mas bem, quando o Sherlock e o Watson decifrarem que vocês serão porventura músicos de coro, arrepiam caminho com um sorriso.
Nota importante em solo Alemão: se viajarem comigo ao volante, pelo amor de Deus, entrem no carro de imediato ou vão-me avisando constantemente que ainda não fecharam a porta do carro pois eu vos prometo que vos passo com uma roda em cima dos pés! Se no entanto decidirem não o fazer, não se preocupem pois assim que chegarmos a França Deus acerta contas comigo através da dádiva da constipação (não se preocupem que o Marco já está plenamente recuperado – eu não sei se era o pé do Rock ou o do Roll, mas em todo o caso, os dois queriam andar mais devagar. Há que ir mais devagar para apreciar a paisagem. Bem visto).
Por ora termina aqui a rubrica da iniciação – continuo assim que formos interpelados pelos Gendarmes (já só faltam estes).
Fribourg – Lausanne – Filipe – Montreux - Filipe – Basel – Mulhouse – Baden Baden – Lyon.
Nestes 1000Km houve tempo para reencontrar o Filipe, que para quem apenas agora nos conhece não sabe que entre 1999 e 2005 foram dele os braços que desferiam os golpes certeiros na nossa secção rítmica. O tempo passa depressa, mas não tão impiedoso que nos roube o Filipe, aqui à aventura numa montanha que me prometeu nevada… Burlão! Duas mãos cheias de neve e nada mais… que miséria… ladrão!
(fazes falta lobo perdido)
Joao Rui
Between borders (coltellino svizzero) - 1000km + 4 Cops + 3 countries scramble + 1 trampling + 1 friend + 1 cold = 2 days of road. Where to start? Perhaps the continuation of the initiation textbook manuals with notes: Switzerland: When in the highway, there are not toll booths, instead there’s a stamp that you can buy for 40 francs that is good for the whole year. Yes, there are no tolls; it is "the trust", which is the expression that you’ll hear the most here "trust". Well, but if by chance you only find out about this stamp about 20 minutes before leaving the country (via the highway) here's our advice: do not outrun the police car with trust, for it can overrun your own and perhaps ask for the whereabouts of the stamp. The fine is of 180 francs. However, if by chance, during the conversation with the forces of authority they inquire what you are doing there and you’re lucky enough to have in your possession an agenda of FNAC with your picture, you just might get a smile out of them and pay just the cost of the stamp (thus, be aware travelers). Germany: in Switzerland outrunning the police cars will bring you worthy gatherings and in Germany the case is not different: of course here we advise you to a good hygiene because we guarantee that they will search everything, from the pockets of the pants to your guitar and culminating with those very nice gentlemen smelling (yes smelling, as a perfumes apprentice) your wallets - "No officer, we do not have hash or anything resembling that". What kind of idea to assume that all the musicians bring drugs in the car. Oh well, when Sherlock and Watson unravel that you are probably choir musicians they’ll go way with a smile. Important Note on German soil: if you travel with me behind the wheel, for heaven's sake, get inside the car right away or at least keep telling me constantly that you have not closed the door of the car, because I promise you that I’ll pass with one wheel over your feet! If however you decide not to do so, do not worry about it for as soon as we get to France, God will put the bill straight with me with the gift of a cold (don’t worry, Marco is now fully recovered - I do not know if it was the foot of the Rock or the one of the Roll, but anyway they both wanted to move slower. We must slow down to enjoy the scenery. Good point). For the time being, here ends the section of the tutorial – we’ll get back to this after being challenged by the Gendarmes (they are the only ones missing). Geneva - Lausanne - Filipe - Montreux - Filipe - Basel - Mulhouse - Baden Baden - Lyon. In the 1000Km there was time to get to Filipe, who, for those who’ve known us just recently, between 1999 and 2005 his arms were the ones that struck the blows in our rhythm section. Time passes quickly, but not so ruthless as to rob us Filipe, here on a mountain in an adventure where he promised snow ... Scammer! Two handfuls of snow and nothing more…what a misery…thief! (You’re missed lost wolf) Joao Rui
março 07, 2010
A mala
A mala… que danos poderá causar a ausência de uma mala que continha todos os instrumentos de percussão, cajon, afinador, suporte de harmónica e luvas para o frio? Todos.
Bem, então há que ser alquimista e tornar o interior de uma mala no seu exterior. Quando retiro a guitarra de dentro de uma mala e a tampa se cerra, tenho a certeza de ficar sempre um som aprisionado dentro dessa caixa. Então há que ser um bom anfitrião para esse silêncio que de fora se não ouve e amplificá-lo; após umas boas horas em Mulhouse, saltando de loja em loja de música fomos adquirindo os instrumentos que hoje vieram convidar esse prisioneiro – somos reinvenção com um dos sets de percussão mais estranhos de que me recordo – mas as pessoas que aqui vieram não arredaram pé até ao final desta dança. Agora que nos afastamos ouço-os trautear de passo lento sobre os campos que nos receberam.
Joao Rui
The suitcase - From Basel Mulhouse one takes about 20 minutes; the map says that we move further away from the sea: it is a journey that takes us through the Switzerland through long green fields inhabited by houses whose roof falls down on a winding almost to the ground, cutting the white mountains that can be seen in the distance. By each tunnel that we leave behind, the thermometer also begins a walk that ends at our feet. But today is not yet a snow day; the clouds have not unveiled their secrets here - and how we tried, roaming through the streets of Basel, eager to find the stairs that would take us near the mothers of the snow. After a few wrong roads, we found the gateway to such a venture, the church of Elisabethen: we climbed the steep steps between walls narrower than the difference of our body to the stones or the feet to the stairs. Upon reaching the top, the air is so diverse that we think we have found a chest larger than nature has offered us. There, we waited in silence so the clouds could hear the silent prayer of one who knows the futility of an inferior request or a less unfair one. Guessing the certain absence of a Moses basket for the words that lean to the lips but prevent themselves to move any further, we descended the tower as fast as the vertigo of the circles traveled to the exit door. We continue to Friborg, to meet Cristelle and the first Swiss stage, while the green fields spread like a blanket over hundreds of seasons. The suitcase ... what kind of damages may bring the absence of a suitcase that contained all the instruments of percussion, cajon, tuner and support for the harp and gloves for the cold? All kind. Well, then one needs to be an alchemist and turn the inside of a bag on the outside. When I remove a guitar from a suitcase and the lid has been shut, I am sure that a sound remains trapped in that box. So, one should be a good host for this silence that is not to be heard and amplify it. After a few good hours in Mulhouse, going from music store to music store, we acquired the tools that have now come to invite that prisoner - we are a reinvention with one of the strangest percussion sets I remember - but the people who came here didn’t budge until the end of this dance. Now, as we walk away, I hear them humming on a slow pace over the fields that have received us. Joao Rui
março 06, 2010
A lâmina cega
Quando o vento começa a roçar os lábios nas primeiras ondas, o tempo gosta de se demorar na berma das fissuras do coração, mas quando por elas finalmente resvala no primeiro acorde, então torna-se navalha, lancetando o seu passado tão rápido como o quão rasga futuro.
Quando se apaga a última luz do palco e a poeira procura poiso certo, ainda procuramos onde se foi o tempo esconder na lentidão com que os mastros continuam a jornada.
A esta hora que a tinta se esvai da pena, vou eu procurando esconderijo dentro do meu peito para a magia desta noite, de modo a que quando a navalha aqui voltar não me seja vilipendiada.
Joao Rui The blind blade - The days in which we follow the wolf to the stage are of a strange relationship with the dilation of the timeline. If at times the hours do not seem to know the drift of the masts of the clock, in others, they are the fabric of the sails falling down along them and pushing them forward - and of the time, we are not masters but only captains of the boat that left without a rudder and that the heart would like to be able to navigate. Thus, lacking such magic in our hands, we look forward for the hour of the storm not unaware of the minutes or seconds, but the time it will take to get her - or at least his perception. When the wind begins to rub his lips in the first wave, time likes to linger in the side of the cracks of the heart, but when he finally slips inside them by the first chord, he becomes a blade, lancing his past as fast as how he tears future. When the last light of the stage falls down and the dust looks for a sure landing, we still keep looking where time went hiding in the slowness with which the masts continue the journey. At this time, when the ink is fading from the quill, I'm looking inside my chest to hide the magic of this night, so that when the blade returns to this place I won’t be stolen of it. Joao Rui
março 05, 2010
Quel diable! il est trés froid!
- Pausa de texto –
Dinâmica de grupo em tour:
Marco entrega o Zippo, eu espero que a porta feche e ao aperceber-me qual era o isqueiro digo “nunca mais o vamos ver”. O Jorri fica consternado mas ausenta-se da mesa de opiniões. Eu repito “nunca mais” ao que o Marco afirma que eu não devo ser negativista de modo a evitarmos más vibrações. Isto porque a minha herança materna me diz que por muita omnipresença de Deus, o Diabo anda sempre a rondar – portanto volto a investir na ideia do não retorno e o Marco volta a insistir na atracção de ideias negativas, ao que o Jorri decide a contenda ao fim de 30 minutos com a expressão “não quero ser negativo, mas dado o tempo que já passou… é estranho. Então, se um é o positivo e outro o negativo, sou eu que desempato a atracção de vibrações?”
- Saída da Pausa de texto –
Isto porque cinco minutos se podem tornar rapidamente em dez horas – é aceitável, mas não é pontual. Portanto, acautelem-se com um triângulo das Bermudas das vibrações como o nosso, onde entre o bem que o Marco anseia e o mal para o qual eu me vou preparando, há um terceiro ângulo da espera do Jorri, de olhos fixos na balança da sorte e do azar.
Sim, o Zippo voltou a casa, mas não sem uma troca estranhíssima de palavras do Marco com a rapariga, digno do imaginário Kafkiano.
(A mala? Qual mala? A do porão? … ah, sim, bem, amanhã logo se vê)
março 03, 2010
Pássaro de Ferro (IV - Karlsruhe)
março 01, 2010
Nova companhia
Encontramos sempre um coração aberto onde quer que o caminho nos conduza - quase às portas de Lisboa assolamos o Palco desta noite no “Di-Box” em Arruda dos Vinhos, onde a visão de três sonhos se conjugou para entre as pedras da calçada erguer nova tenda para malabaristas. Esta noite fomos nós que cruzámos o fio de um lado ao outro.
Parte de nós fica sempre numa das extremidades do fio a olhar os passos certos que o cruzam.
Joao Rui