fevereiro 19, 2010

A recompensa

Há muitos anos atrás, talvez demasiados, os Venezianos pintaram as gôndolas de negro por recompensa de vida. Então, a cor da madeira que outrora era de todas as vontades tornou-se escuridão. Entre cada cidade há um sem número de torres que se erguem para o céu como se fossem promessas que hoje se tornaram em ecos de desejos passados. Trevizo, Vicenza, Venezia… Vamos pendurando em cada torre os laços do nosso coração e avançamos de cidade em cidade com a curiosidade atenta de quem quer sorver mais do que os olhos vão conseguir guardar. Ontem estivemos em Rovigo ou em Padova? Os dias vão-nos trocando as voltas. Hoje trocaram-nos até Mestre, uma cidade a pouco menos de 15Km de Venezia onde nos recebem os sorrisos de Diego e Marco. Descemos os dois andares do “Flat Club” até estarmos a suficiente debaixo de terra para sermos raízes que procuram fruto. Convidámos os lobos que aqui moram para a nossa gôndola. Pintámo-la de negro e trocámos o nosso bilhete de ida por um olhar de ferro. O Marco, ao fundo da gôndola envolve a cadência dos dedos do Jorri enquanto a Susana lança grinaldas de saudade às águas ternurentas que nos recebem. Eu vou pintando o barco de noite porque aqui me faltam todas as tintas excepto o preto (e a vida não é recompensa suficiente quando me falta a quem a devolver). João Rui

The reward – Many years ago, maybe too many centuries, the Venetians painted their boats of black for the reward of life. Thus, the color of wood that was once of every will became darkness. Between each city there’s an amazing number of towers reaching for the sky as if they were promises that today are but past wishes. Trevvizo, Vicenza, Venice… we hang the strings of our hearts in each tower and we head forward to each city with the close attention of one who wants to drink more than what the eyes will be able to keep. Yesterday we were in Rovigo or Padova? The days confuse our turns. Today they confused us to Mestre, a city not far from Venezia where we’re received by the smiles of Diego and Marco. We go down the two floors of the “Flat Club” until we’re underground enough to be rots that seek fruit. We invited the wolves that live here to our boat. We painted it black and traded our one way ticket for an iron stare. Marco, at the end of the boat cradles Jorri’ s fingers while Susana throws her longing to the sweet waters. I paint the boat of night, for here I miss every ink except for black (and life is not reward enough when I miss one to whom give it back) Joao Rui

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