abril 30, 2010

abril 25, 2010

De Raízes

Hoje foi dia de regressar à raiz da nação, onde tudo começou… levamos palavras do rei que dorme na nossa cidade sob os arcos da santa cruz.
Enquanto não nos esquecermos da raiz, as palavras não hão de tombar.
Mas curta é a estadia – vamos descendo até ao Porto para outro palco.
Entrevista com o eléctrico Pedro do Porto Canal.
Tempo para encontrar membros da alcateia, partir cordas, soterrar corações.
uncut.
Joao Rui

Of roots - Today was the day to return to the root of the nation, where it all began… we bare with us the words of the king that sleeps in our town, beneath the arch of the Santa Cruz. While we don’t forget the root, the words will not fall. But we don’t stay long – we go down to Porto for another stage. Interview with the electric Pedro from Porto Canal. Time to meet member of the pack, to break strings and bury hearts. Uncut. Joao Rui

abril 23, 2010

His Secret (Live/Musiquim.com)



video: Luis Belo

His Secret

Let me tell you the story of a man, whom you adore
Whose eyes are like pools of madness
His calculated stroll is measured
His steps seem free willed to the untrained eyes
Crawling out, crawling out beneath the veil of the night
But I am his secret babe and you
But I am his secret babe and you
You, you, You are his wife
So Let me tell you the story of a man, whom you adore,
Whose eyes are adorned with shades so dark
His calculated stroll is measured
His steps seem free willed to the untrained eyes
And it’s been so many years since you’ve kissed this floor
When I go away, you’ll come back for more
But I am his secret babe and you
But I am his secret babe and you
You, you, You are his wife
Your hands are tied to his words
Crawling out ‘neath the veil of the night
Standing tall, Standing tall
Like if the rain was his mother
His truth is a lie, but better than a truth
is a truthful lie with sparks of love
And it’s been so many years since you’ve kissed this floor
When I go away, you’ll come back for more
Alright!


RED PONY (Live/Musiquim.com)

abril 17, 2010

A mão ao arremessar o destino [16.04.2010 Aljustrel]

Há dois movimentos no arremesso: um de tensão, seguido por outro de explosão. O destino arqueia o braço até Aljustrel e aqui se demora em tensão. As cordas apertadas junto ao peito; o violino a estalar os ouvidos; o incêndio que se ergue dos pés do piano até ao reverberar do bombo.
Em poucos minutos já não me recordo do que foi desse dilúvio que o braço encontrou até aqui chegar.
Somos recebidos por sorrisos que nos chegam através das gotas de chuva e o mais que posso é respirar fundo se quero daqui levar memória.
Arrumo o sorriso junto às folhas do caderno negro e a noite segue sozinha.
Que magnífico banquete…
Joao Rui
The hand while thowing fate - There are two movements in the pitch: a strain, followed by another of explosion. Fate bends the arm to Aljustrel and linger here in tension. The strings cracking in the ears, the strings tight by the chest, the fire that rises from the feet of the piano's up to the reverberating of the drums. Within minutes I do not remember what was this deluge that the arm found to get here. We are welcomed by smiles that reach us through the raindrops and the most I do is taking a deep breath if I want to take away memory. I keep a smile by the pages of the black notebook and night follows alone. What a magnificent feast ... Joao Rui

abril 12, 2010

Abismos [11.04.2010 Coimbra]

Que seria da Estrada sem os pequenos abismos que a rodeiam? Em cada um há pelo menos uma boa história para contar. Desde o dia 7 que não paramos. Os km vão-se aglomerando nos nós dos dedos enquanto eles percorrem as cordas da saudade. De acordo com o que me recordo percorremos distância suficiente para atravessar o país três vezes – esse número três – se a estrada fosse direita. Mas ela é sinuosa como os traços das mãos. E estas são-me tão estranhas como tantos caminhos que eu gostava de conhecer antes de me ir embora. E hoje foi um desses dias em que nos perdemos por estranhos caminhos. Vastas paisagens estenderam-se pelo horizonte; pequenas mãos-cheias de verde bordadas com muros de pedras adornavam o que a vista pôde abarcar. Mas como também seguíamos perdidos do tempo avançámos velozes até Coimbra.
Hoje o Lobo foi anfitrião dos blues dos Vinegar Socks. Então subimos ao palco para como eles partilhar canções. A Susana largou o arco do violino à “Six Blind Days” seguida de imediato pelo sorriso do Paolo cujo arco rasgou nova melodia dentro dos meus olhos cerrados. Cerro ainda mais os olhos e ouço as mãos do Filipo no cajon; cerro o coração para que não me esqueça. O Jordan é o último dos três a assomar o palco e acompanham eles a noite ao seu fim.
Partimos em direcção ao Mondego.
Dou-lhes histórias do Barqueiro que vão levar a Roma…
Joao Rui

Abysses - What would be of the road without the small abysses that surround it? In each one there’s at least one good story to tell. Since the 7th that we don’t stop. The miles are growing longer in our knuckles while they go along the strings of saudade. According to what I remember we’ve travelled far enough to go through our country three times – that number three – if the road was straight. But she’s tortuous like the traces of our hands. And these are for me as strange as so many paths I would love to meet before I have to go away. And today was one of these days where we were lost through strange paths. Vast landscapes extended to the horizon; small handfuls of green bordered with stone walls adorned that what the view did encompass. But as we were also lost the time, we moved fast to Coimbra.
Today the wolf was the host of the Vinegar Socks blues. Then we went up the stage to share our songs with them. Susan dropped the bow of the violin to the "Six Blind Days" followed immediately by the smile of Paolo whose bow carved a new tune inside my closed eyes. I close them even more and hear it in the hands of Filippo; I close my heart so that I will not forget. Jordan is the last of the three to take the stage and they accompany the night to its end.
We move towards Mondego. I give them stories of the Boatman that lead to Rome ... Joao Rui

abril 11, 2010

Horas mais tarde [10.04.2010 Faro]

Outra casa sem memória, soterrados sob o peso de um dia que conhecia a teimosia do nosso passo. Lá fora junto às grades da varanda deste décimo segundo andar o vento passa veloz porque sabe que não pode aqui ficar. Volteja ruidosamente entre as barras metálicas que nos separam do mar apenas para deixar aqui memória antes de seguir de novo para junto da bruma que daqui se afasta.
Hoje deixa-me segredos seus, mas amanhã será a outro a quem os entregará. Dentro de breves instantes perco a consciência de aqui estar e vou embalado nesta embarcação para terras das quais raras vezes me recordo.
Vamos…


Joao RuiHours Later - Another house with no memory, buried under the weight of a day that knew the obstinacy of our step. Out there, along the railing of the twelfth floor balcony, the wind goes fast because he knows he can not stay here. He whirls noisily between the metal bars that separate us from the sea only to leave memory before leaving to the foam that moves away from here. Today he leaves me his secrets, but tomorrow will be another who will deliver them. If a few moments I will have lost consciousness and will be cradled on this boat to lands of which I rarely remember. Let’ss go ... Hours before. Joao Rui

abril 09, 2010

Se o tempo não nos roubar [09.04.2010 Portalegre]

Dizia-me o João Bento: gosto da estrada: as coisas têm outro encanto; como se tudo fora constante surpresa. A admiração das coisas banais é-o porque não nos sobra o tempo para conhecer todos os traços da face por detrás do véu. Então, na falta das horas, as cidades desvendam-se através das palavras de quem aqui nos recebe.
Portalegre é hoje a face a quem não tive tempo para retirar da sombra do véu. Levo somente as palavras e os olhares que nos receberam atentos. Queria conhecer-te…
Tempo. É sempre o tempo – ou a falta dele. A minha mãe diz-me que a vida não é curta: é longa demais. Talvez tenha razão, mas então porque não me bastam os minutos que o dia me oferece? Já adivinho que aqui não vou estar o suficiente para encontrar essa paz; essa calma das ondas sem falsa promessa de tempestade. Por ora é tudo tempestade.
Hei-de aqui voltar para te conhecer se a minha mãe tiver razão.
Guarda-me esse sorriso de hoje.
Joao Rui

If time does not steal us - Like Joao Bento told me: I love the road: things have another charm; as if everything was a constant surprise. The admiration of the little things is as such for we have no time to meet all the traces of the face behind the veil. So, in the absence of hours, they reveal themselves to us in the words of those who receive us here. Today Portalegre is the face of whom I did not have time to remove the shadow of the veil. I take only the words and the eyes that received us with attention. I wanted to meet you. Time it’s always time – or the absence of it. My mother tells me that life is not short: it’s too long. Maybe she’s right, but why is it that the minutes the day offers me are never enough? I already guess that I will not be here long enough to find that peace; that calmness of the waves. For now everything is storm. One day I’ll come back here to meet you, if my mother is right. Save me that smile of today. Joao Rui

abril 05, 2010

O vestido da Rainha [31.03.2010 Caldas da Rainha]

No interior do outro pombal, o bandido esperava-a. Inquieto. De olhos fixos na passadeira da destruição. Não os joelhos, mas o coração, aguardava-a. Debruçou-se nela e os dedos irrequietos arrancaram-lhe o vestido rasgado para lhe reconhecer o corpo. Intacta, sorriu para ele - é apenas o vestido, nada mais.
Então o bandido foi procurar alfaiate que conhecesse os segredos destes vestidos. Longas horas de desespero à espera junto à porta do artesão…
À hora que o lobo se apresentou à Rainha, o vestido remendado já voltejava em torno das seis.
E um salão repleto de olhares onde não cabia mais um recebeu-a em silêncio. Em silêncio. Em silêncio.
Que magnífica dádiva.
Obrigado.
Joao Rui

The dress of the Queen - In the interior of the other pigeonry the thief was waiting for her. Restless. With eyes fixed on the destruction runway. Not his knees, bbut his heart, was waiting for her. He leaned to her and his fingers tore her dress so he could recognize her body. Intact she smile to him – it’s but a dress and nothing else. So the thief went for a tailor that knew the secrets of such dresses. Long hours of despair by the door of the craftsman… by the time the wolf was presented to the Queen, the mended dress was turning around the six. And a full ball room was bursting with eyes where not one more could fit received her in silence. In silence. In silence. Such a wonderful gift. Thank you. Joao Rui