fevereiro 14, 2010
Manual de Iniciação
“Já não nevava em Roma há 26 anos” diziam-me o Jordan e o Mateo. Roma esperava o regresso do lobo; talvez seja isso. Então foi essa a razão pela qual ficámos presos no trânsito durante duas horas às portas da cidade? Estradas cortadas?
Mas adianto-me em demasia: devíamos ter chegado às 5 da manhã a Roma, mas já eram 2 da tarde quando passámos os portões de acesso. Então voltemos atrás, até às 23:40 – é curioso o que pode acontecer quando se chega a Pisa sem um manual de Iniciação a Itália. Então, olhemos a 1ª página: Ponto 1: Escolha de Vestuário e malas de mão para trazer no Aeroporto de Pisa– casaco de cabedal verde e um harmonium na mão são sem dúvida escolhas que vos trarão a frase obrigatória dos carabinieri “Documenti per favore!”(especialmente se o vosso nome for Marco). Claro que uns momentos de boa tertúlia entre quatro paredes com estes sábios conhecedores de instrumentos musicais vos vão atrasar 15 minutos que podem ser preciosos. Não obstante, se optarem por esta escolha, então sigamos para o Ponto 2: se o que vos ocupa o bolso do casaco é uma reserva de um carro para as 2 da manhã, uma hora que não seja a do horário de, por exemplo uma pastelaria (e reforço a ideia ou conceito de RESERVA) então talvez se deparem com um rapaz de sorriso de Mefistófeles que vos dirá: hum… vocês têm uma reserva com essa companhia? É capaz de ser melhor correr, que eles não vão esperar. Sim, mas aqui a corrida de pouco valerá, mas fica o aviso para não deixar o rapaz de casaco verde dentro do aeroporto com toda a bagagem porque entretanto, e por magia, o aeroporto pode cerrar as portas e o tal casaco junto com o proprietário pode desaparecer de vista.
Ponto 3: quando em terras estranhas, os sorrisos podem ser mal interpretados, como o de Mefistófeles. Tanto quanto se sabe pode ser que se esse rapaz se chame Valério. E se assim for, poderá dar-vos as primeiras impressões de condução dentro de Itália (estradas em contramão, queimar semáforos vermelhos – e tudo, sim, tudo com a bagageira semi-aberta com as vossas malas) – e ainda assim estarão em muito boas mãos.
Ponto 4: Não se iludam com o conhecimento que os nativos têm dos horários de comboio, especialmente se esse conhecimento vos for transmitido por alguém que desconhece as regras de trânsito e tem carro próprio. Podem dar por vocês numa estação mal amanhada sem qualquer linha disponível para Roma, na companhia de alguns nativos de ar suspeito (se levarem um Jorri na vossa jornada, então tudo estará bem, até porque ele em menos tempo do que leva a vossa cabeça a imaginar todas as possibilidades de um assalto vos vai conseguir um quarto).
Ponto 5: Alugar um carro – não se esqueçam de raspar o gelo dos vidros, verificar se todos funcionam e se o isqueiro do carro está em bom estado. São tudo conselhos para não terem que trocar de carro 3 vezes (o que, por experiência pessoal, vos garanto que vos atrasará a demanda)
Fim de Manual.
O Coliseu é tal como o esperava – o cheiro de história antiga e da minha imaginação envolvem-se demais. Um pouco das duas… mas já lá volto.
Então, diziam-me o Jordan e o Mateo que Roma estava com um tempo insólito, mas eles os dois, juntamente com o Filipo e o Paolo aqueceram o princípio da noite no Officine. São os Vinegar Socks, uma das melhores bandas que tenho ouvido, capazes de deitar a casa abaixo e enternecer o coração. Bons amigos. Assim, o Lobo deu os seus primeiros passos de dança em Roma – Il Lupo di Roma.
Agora, à distância de umas horas, por entre as palavras do Mateo a noite vai-nos roubando a lucidez.
Amanhã Roma volta a abrir os seus braços.
(Tenho saudades do futuro)
Joao Rui
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