maio 07, 2009

Na fronteira do Sul

Video by Daniela Maduro 2009


É tão curta a minha ausência do delírio, que sempre que retorno ao tempo normal tudo é vaidade e tempo que passa. Estes últimos dias rumámos ao Sul, sob o véu de uma noite quente e auspícios de luz solar. Não consigo evitar as mudanças que as ondas operam em mim.. tenho sempre vontade de me ir embora, de ir por cima e por baixo delas para diante, para diante, para lado nenhum, para qualquer lado. Na presença desse magnífico destino desconheço sempre os meus pés que insistem em ser castelos de areia ou gatos assustados. Os meus olhos já partiram e aqui não pertencem mais. E não o é apenas desta vez. É-o sempre, sempre…

O vento soprou doce estes dias. O aroma que vem dos nossos silêncios misturou-se com o fôlego das nossas mãos em cada música que cantámos. Percorremos ruas, avenidas e ruelas de emoções; trauteámos e zumbimos em todo o lado onde o não tínhamos ainda feito. E se algum lugar ficou que não nos ouviu, foi porque não estava a escutar – até nos jardins em flor das memórias que não permito render ao esquecimento, há papoilas que não abrem mas que um dia foram flor e parte de mim.

Estranhos germânicos que acolheram o nosso delírio receberam-nos com dádivas de vinho e sorrisos inesperados: mais um canteiro que vou cuidar e não esquecer. Tal como os olhos dos carros que rodavam ao nosso lado…botões de rosa.

Agora que tudo já se vai diluindo no vento dos dias, vou entregando aos canteiros lembranças vagas… o feliz encontro com o Sam Alone na Fnac do Algarve; a viagem de 8 horas que começou por ser de 3h e depois passou a 6h, mas afinal foi de 8h; a brigada de trânsito que necessitou da nossa tradução saxónica para uma rapariga que queria voltar à força para Lisboa, em contra-mão e a pé, na auto-estrada…

Daqui a nada é tudo pó… não fora o vídeo era tudo invenção minha.

O lobo foi conhecer o sul e agradou-lhe o sol. Apaixonou-se pelo mar. Ele era há muito esperado…

JoaoRui


At the border of South
So short is my absence of the delirium, that when returning to the normal time, all is vanity and passing time. These days we went south, under the veil of a hot night and the auspices of sunlight. I can not avoid the changes that the waves operate in me .. I am always willing to go, to go over and under them; onward, onward, to anywhere, to nowhere. In the presence of this magnificent destiny I never recognize my feet, that insist on being castles of sand or sacred cats. My eyes have left and to this place they do not belong anymore. And it is not this one time. It is always, always ...
The wind blew sweet these days. The scent that comes from our silence mixed with the breath of our hands in every song we sang. We Traveled streets, avenues and alleys of emotions; we hummed and sung everywhere where we had not yet done so. And if any place did not hear it was because it was not listening – even in the blossomed gardens of the memories that I do not allow surrendering to oblivion, there are poppy that do not open but that one day were flower and part of me.
Strange Germanic that welcomed our delirium received us with gifts of wine and unexpected smiles: one more gantry that I will look after and and remember. Just as the eyes of the cars that rolled by our side ... rosebuds.
Now that everything is diluting in the wind of days, I deliver the vague memories to the gantries … the happy encounter with Sam Alone at Fnac Algarve; the journey of 8 hours that began as 3h and then went to 6h, but in the end was of 8h; the traffic squad who needed our saxon translation for a girl who wanted to force her way back to Lisbon, on foot and on the wrong side of the motorway…
In a moment all will be dust... if it wasn’t for the video all would be my invention.
The wolf went to meet the south and the sun pleased him. He fell in love with the sea. He was long expected.
JoaoRui

1 comentário:

  1. Quem agradece sou eu! :D
    Que belo vídeo (já disse isto em tanto sítio...)
    Um beijinho*

    ResponderEliminar