Estando a trabalhar num projecto pessoal de Fotografia que consiste na
desconstrução do “Álbum de família”, fui convidado para realizar o videoclip do
tema “Tree” pelaSofia Silva, que me propôs utilizar fotografias de infância
dos A Jigsaw. Mesmo sem conhecer a banda
pessoalmente e nunca ter realizado um trabalho do género, aceitei de imediato. Grande desafio!
Deram-me liberdade total no processo criativo. Utilizei também fotografias mais
recentes do grupo e excertos de videoclips anteriores. O objectivo não foi o de
ilustrar a letra do tema mas sim criar um pequeno álbum da família a Jigsaw, as
imagens utilizadas são fragmentos de vida do grupo que vão evoluindo num vai e
vem, com alguma linha cronológica e, talvez, fica apenas o conceito de
nostalgia comun ao “Álbum de Família”. Christopher Marques
Tinha conhecido a banda há pouco mais de um ano, num
showcase que aleatoriamente assisti na FNAC Leiria, pouco tento depois, através
da Cátia Biscaia, recebi o convite dos a Jigsaw para fazer um videoclip para o
seu novo tema "Dark Rider", a condição era: faz o que quiseres! Sendo
a melhor das condições que um autor criativo poder ter, é também a condição que
nos acarreta mais responsabilidade.
Aproveitei umas férias com um amigo meu em Inglaterra, e
filmei, filmei, e filmei, não fosse chegar a Portugal e me faltassem imagens.
Pois bem, cheguei a Portugal e faltaram imagens...aproveitei o facto do
deadline inicial se ter prolongado, e fui novamente de férias para Inglaterra,
desta vez já sabia concretamente as imagens que me faltavam. A isto juntei uma
imagem de arquivo dos a Jigsaw a tocarem nas ruas de Zurique. E aqui está o
resultado final.
Foi em Madrid que vi os “a Jigsaw” darem um concerto intimista e totalmente acústico numa pequena livraria. O local estava repleto de olhos e ouvidos na direção do João e do Jorri. Acabou o concerto e a Carina quis comprar o vinil. Falámos directamente com eles. A conversa fluiu porque todos mostraram uma simpatia e humildade contagiante. E a compra de um disco transformou-se numa interessante troca de ideias. Foi assim que os “a Jigsaw” me fizeram a proposta para realizar, com total liberdade, um vídeo para uma das suas novas músicas. Um desafio. Um privilégio.
Desde logo o objectivo a que me propus foi o de criar não só um vídeo sobre a música, a letra e os próprios 'a Jigsaw' como também uma perspectiva independente do conjunto destes três elementos. Pretendi construir uma sequência de imagens com vida própria, com a sua história, e que, ao mesmo tempo, pudesse ser interpretada das mais variadas formas sem nunca perder a verdadeira personalidade. E a ideia final surgiu naturalmente tendo em conta a minha visão pessoal da vida e da forma como a gosto de contar através de imagens, sons e palavras.
Quero deixar um obrigado a todos os que estiveram comigo lado a lado na construção destes rápidos minutos. Foi uma pequena grande viagem, repleta de obstáculos que foram ultrapassados com grande prazer.
E um grande obrigado aos 'a Jigsaw' pela oportunidade. Espero que este vídeo faça justiça à vossa música.
A premissa deste teledisco foi-me sugerida pela banda, na altura foi-me dito: “Temos a coisa perfeita para ti, é a tua cara!” Fiquei contente, pois depreendi que a minha cara seria diferente do que se costuma ver por aí na área do teledisco - e porque o D. Roberto rebenta a cara a todos os que o antagonizam (gosto de pensar que sou assim, se bem que a realidade é bem mais irónica do que isso). Questões de cara à parte, cedo me apercebi que que a pessoa com quem viria a trabalhar, Rui Sousa, é um verdadeiro Duncan MacLeod do mariotenismo em Portugal, e que isso merecia todo o respeito e responsabilidade da minha parte. E ainda mais porque o teatro D. Roberto é das tradições portuguesas que mais me surpreendeu positivamente nos últimos tempos, exacerbando um nacionalismo cultural que tem vindo a crescer em mim, e devo este ultimo episódio aos a Jigsaw.
Acrescenta-se o facto de o Rui e os a Jigsaw terem conjugado vontades artísticas em contar uma das lendas mais famosas de Portugal, o Zé dos Telhados.
Assustei-me ao inicio: como é que eu filmo marionetas? Decidi filma-las como costumo filmar teatro. O grande desafio para mim verificou-se na edição, pois a peça tem à volta de 20 minutos, e são todos bons de se ver. Aí recuperei uma ideia que tinha tido durante as filmagens, a de dar uma roupagem “silent movie”, muito inspirada no filme de 1911 “Os Crimes de Diogo Alves” de João Tavares, aproveitando os intertítulos tradicionais para contar a história que Rui construiu, condensando a duração até aos cerca de 4 minutos, tempo da música dos a Jigsaw.
Isto acontece a todo o editor quando finalmente tem um final cut: ver a montagem vezes sem conta. E eu ri-me à desgarrada, muito, de todas as vezes.
Conta que do antigo reportório do Teatro Dom Roberto faria parte a peça 'Zé do Telhado'.
Aquando do desafio lançado às Marionetas da Feira por A Jigsaw, logo me ocorreu toda a encenação e elenco para a acção do filme.
Criámos o personagem 'Zé do Telhado' e a sua mulher, que contracenando com todos os outros personagens de 'O Barbeiro' (outra peça do reportório clássico), geravam uma acção parecida com as histórias tradicionais e com a extinta peça homónima deste herói.
Acerca do Teatro Dom Roberto, ou Teatro de Robertos, é tida como uma das mais antigas artes de rua popular portuguesas descendente da Commedia Dell'Arte Italiana, e do teatro Pul vinda de Itália no século XVIII. O nosso herói é o Dom Roberto - um justiceiro popular. Outros paises herdaram os seus heróis influenciados de igual modo, dando origem ao Mr. Punch na Inglaterra, Guignol na França, Kasper na Alemanha, etc.
As Marionetas da Feira produzem espectáculos de teor tradicional onde recuperam as quase extintas artes das Marionetas de Fios dos pavilhões das feiras populares dos Mestre Manuel Rosado e dos Faustinos, e dos Robertos do Mestre António Dias e Domingos Moura.