janeiro 22, 2012

4401Km [21.01.2012 Madrid – Espanha]

De tanto passear em torno de ti, hoje quis o destino que fôssemos direitos ao teu coração. Regressamos ao princípio quando aqui chegámos pela primeira vez; mas talvez que na altura as fronteiras não estivessem tão apagadas como agora que nos recebes realmente como irmãos.
Abandonamos o palco ladeado por tantos olhos onde encontramos os nossos, que maior dádiva não poderíamos daqui levar hoje.
E agora aqui, algures na estrada entre Espanha e Portugal, avançamos através da noite com este sabor Madrileno ainda entre as mãos.
Levamos o coração ainda mais cheio do que aquela sala onde nada mais caberia senão estes Marinheiros Embriagados e estes Piratas Felizes que nos aguardam junto ao mar.
Muchas gracias amigos.
En verdad que vos echábamos de menos.
João Rui
4401Km [21.01.2012 Madrid – Espanha] Of walking so mucha round you, fate had it that today we went straight to your heart. We go back to the beginning when we arrived here for the first time; but maybe then, the frontiers were not as blurred as they are now. Now that you receive us truly as if we were your brothers. We leave the stage that is sided by so many eyes where we find our own, that it would be impossible to take a better gift than this. And now, as we are somewhere in the road between Spain and Portugal, we move through the night with this Madrid taste in our hands. We take our heart even fuller than that room, where nothing else would fit but these Drunken Sailors & Happy Pirates that await us by the sea. Muchas gracias amigos. En verdad que vos echábamos de menos. João Rui.

janeiro 21, 2012

El principio de la vuelta [20.01.2012 Sevilla – Espanha]

Ao entrar em Sevilla, a memória devolve os passos do passado, quando por aqui passámos em 2010 numa viagem que terminou em Málaga e a partir de onde caminhámos para os outros 10 países onde o lobo nos acompanhou. Dessa outra vez, não houve tempo para ouvir o silêncio dos outros. Hoje o coração ouviu esse silêncio… e que magnífico silêncio o desta tripulação que transbordou hoje a nossa embarcação.
As ruas são de outra cor quando a elas voltamos depois destes breves instantes em que o palco nos despe.
João Rui
El principio de la vuelta [20.01.2012 Sevilla – Espanha] As we enter in Sevilla, the memory returns the footsteps of the past, when we were here in 2010 on a journey that ended in Malaga and from where we went to the other 10 countries where the wolf followed us. Then, there was no time to listen to the silence of the others. But today the heart heard that silence ... and what wonderful silence was this, of this crew that overflowed our vessel today. The streets are of a different color when we return to them after these brief moments when the stage undresses us. João Rui.

janeiro 20, 2012

El calor de la nieve [19.01.2012 Málaga – Espanha]

A estrada que nos leva de Múrcia a Málaga é um caminho por entre os montes. Lorca, deserto, silêncio: resquícios de neve que ornamentam o sopé destas montanhas alvas. Seria de esperar o punhal frio nas mãos deste vento, mas o calor que encontramos dentro da sala que nos aguardava é tal, que o corpo se esquece do frémito deste doce inverno. 
João Rui
 El calor de la nieve [19.01.2012 Málaga – Spain] The road that takes us from Murcia to Málaga is a path between the hills. Lorca, desert, silence: wrecks of snow that embellishes the feet of these white mountains. One would expect the cold dagger in the hands of this wind, but the warmth that we found in the room that awaited us was such that the body forgets the trembling of this sweet winter. João Rui.

Las Calles de Neuman [18.01.2012 Murcia – Espanha]

Vamos descobrindo segredos em cada cidade. Nas igrejas que acodem a cada rua com o silêncio que ali nos aguarda e nos olhos de quem decidiu que a nossa chegada era um murmúrio impossível de evitar.
50 Pessoas, talvez mais, cantavam numa única voz o que um piano suspirava. Segredos que se desvelam nas palavras de Paco Neuman que nos confessa a origem das coisas. ¡que ilusión!
Neuman – que curioso sorriso lhe encontro, às voltas nos corredores desta casa que se tornou nossa no coração de quem nos acolheu.
João Rui
Las Calles de Neuman [18.01.2012 Murcia – Spain] We discover secrets in every city. In the churches that come running to every street with the silence that awaits us there, and in the eyes of those who decided that our arrival was a murmur impossible to avoid.50 people, maybe more, in a single voice, were singing what a piano was sighing. Secrets that are unveiled in the words of Paco Neuman, who confesses the origin of things. ¡que Ilusión! Neuman - such a curious smile I find in him, as he turns round in the halls of this house that became ours in the heart of those who welcomed us. João Rui.

janeiro 18, 2012

Por el Mar [17.01.2012 Valencia – Espanha]

Seguimos junto ao mar e ainda sem tempo para aqui repousar mais do que o suficiente para que o coração faça de ti memória graciosa.
João Rui
By the sea [17.01.2012 Valencia – Spain] we follow by the sea, and still without time to rest more than enough at least to let the heart turn you into a graceful memory. João Rui.

janeiro 17, 2012

Gràcies [16.01.2012 Barcelona – Espanha]

Será possível escolher quem à tua embarcação sobe para dela não mais sair? Se aqui repousa tudo aquilo se recorda, de igual forma aqui dorme o que não se esquece. Então somos em partes similares o que somos e o que queríamos ser. Em construção. Em permanente construção. Como esta Sagrada Família, que desde que há memória se encontra envolta desta maquinaria que constrói o sonho num bastidor público. E já tão distante do que era quando foi esboço silencioso. Que estranho mar, este que não me guarda rancor no abandono.
Encontramos Barcelona na companhia dos melhores companheiros de viagem: Dani y Elena, que conhecem as ruas como nós conhecemos as vagas da maré. E esta cidade parece ter-nos encontrado a nós… Gràcies!
João Rui
Gràcies [16.01.2012 Barcelona – Spain] Is it possible to choose whom rises to your vessel not to leave anymore? If here lays all one remembers, it’s also where all one cannot forget sleeps. So we are in an equal measure all we are and all we wanted to be. In construction. In permanent construction. Like the Sacred Family, that is wrapped with this machinery that builds the dream in a public backstage since there’s memory it. And it rests so far away from what it was when it was but a silent sketch. What strange sea is this that does not hold a grudge towards me in the abandonment. We find Barcelona in the company of the best travel companions, Dani and Elena, that know the streets as we know the tides. And this city seems to have found us… Gràcies! João Rui.

janeiro 16, 2012

La caída de César Augusto [14.01.2012 Zaragoza – Espanha]

Há lugares onde a despedida é coisa impossível porque nos acompanham em cada passo os olhos que deixamos para trás. São os escolhos que a memória nos devolve ao entrarmos desprevenidos nos portos que abandonamos; a promessa do fiel retorno. As ruas da cidade são-me tão familiares como se as houvera continuado a calcorrear quando o horizonte continuava a sua história.
À hora que aqui chegamos, a Avenida deste César é apenas silêncio e ausência de alcatrão e gente. Aguardar-nos ia uma sala vazia, não fora esta cidade uma eterna surpresa de todas as vezes que aqui prendemos as amarras. Porque enquanto recolhíamos ao nosso silêncio na rua, a sala foi enchendo até que nem mais um marinheiro caberia nesta embarcação.
Que silêncio doce este que nos vieram ofertar.
Como regressar onde de nunca partimos?
João Rui
 The fall of Augustus Caesar [14.01.2012 Zaragoza – Spain] There are places where farewell is an impossible thing, for with eyes we leave behind follow our every step. These are the pitfalls that our memory returns as we sail back into the ports we left behind; the faithful promise of return. The city streets are as familiar to me as if I had never left them while the horizon was proceeding with its story. By the time we arrive, the Avenue of this Caesar is but silence and absence of people and tar. And if this city was not an eternal surprise every time we hold our moorings here, we would have had an empty room waiting for us. For while gathered in our silence, the room flooded with sailors until there was no more space left in this vessel. T’was  a sweet silence; this that they came to offer us. How does one return to the places one never truly left?
João Rui

janeiro 15, 2012

Bihar arte [13-01-2012 Donostia y Bilbao – Espanha]

Afinal que palavras poderia eu escolher para vos agradecer, senão as vossas feitas minhas? Os lábios desconhecem ainda a pronúncia deste mar cantábrico que nos reconhece no anonimato das ruas e avenidas destas cidades.
- “Gracias por vuestra música”
- Eskerrik Asko.

João Rui
Bihar arte [13-01-2012 Donostia y Bilbao – Espanha] After all, what words could I choose to thank you if not yours that I have taken for my own? The lips are still strangers to the accent of this Cantabric sea that recognizes us in the anonymity of the streets and avenues of these towns. - “Gracias por vuestra música”. Eskerrik Asko. João Rui

janeiro 12, 2012

A estranha valsa [12.01.2012 Oviedo – Espanha]

As mãos do sol não conhecem forma de nos acompanhar nesta dança, onde a neblina se esqueceu das voltas que o seu vestido haveria de entregar para que se adivinhasse o chão deste salão.
Mas à porta desta estranha valsa enredada nas montanhas, aguardava-nos o calor dos olhos de Oviedo.
Gracias.
João Rui
The strange waltz [12.01.2012 Oviedo – Espanha] The hands of the sun have no knowledge of how to accompany us in this dance, where the dark mist forgot the turns its dress would have to give so he could know the floor of this saloon. But by the door of this strange waltz in between the hills, the warmth of Oviedo’s eyes was waiting for us. Gracias. João Rui

janeiro 10, 2012

La línea invisible de la frontera [10.01.2012 A Coruña – Espanha]

Voltamos à estrada que nos leva para longe deste mar, atravessando uma fronteira que já não consegue separar o sabor da terra – talvez nunca o tenha feito e fosse apenas uma linha mal desenhada nas cartas antigas onde se repartiu o indivisível.
Falavam-me do vento frio que aqui encontraria boa forma de me estalar os ossos, mas a torre de Hércules ter-se-á encarregue de o manietar, porque nem vento nem frio me vieram acordar onde dormia, junto do sussurro dos pássaros aninhados à janela do meu quarto.
João Rui
The invisible line of the frontier [10.01.2012 A Coruña – Espanha] We’re back on the road that takes us far away from this sea, crossing a frontier that can’t separate the taste of the earth anymore – maybe it might have never succeeded in doing so and it was nothing but a mere line badly drawn on the old maps where they divided what could never be. They told of the cold that would find a good way to break my bones here, but maybe the tower of Hercules took the ground and turned it into impossible. For neither the wind or the cold came to wake me where I slept, near the whispers of the birds nested by the window of my room. João Rui