julho 04, 2010

A percepção sensível

No coração do Chiado, junto à estátua do poeta que dele herdou o seu nome ouvem-se os passos e as câmaras fotográficas de quem aqui passa pela primeira vez.
Que sorte a deles: dos olhos ao encontrar estas telas pela primeira vez. Mas já falo dos meus; numa rua aqui ao lado, no Museu de Arte Contemporânea do Chiado. Sem Limites – Nadir Afonso. Caminhamos silenciosos pelas salas da galeria entre a admiração e a paixão. Desde os primeiros esboços onde nasceram as raízes da obra até aos quadros finais – e quando está o quadro terminado? Há quem diga que o segredo está em saber o momento certo de pousar o pincel. O mestre Nadir diz que para ele a Arte não tem segredos. E não tem.
Procurei o “Clérigos”, mas o mais próximo que deles cheguei foi “a ribeira”, junto ao “Vila Nova de Gaia”, diante do qual os meus dedos ficaram nervosos de poder sentir a textura das pinceladas, sabendo que não o iriam fazer. Tem que existir um limite – mas não aqui, onde de sala para sala cada um dos quadros revela segredos silenciosos. Conquistador do espaço vazio: “o que se transforma é a percepção sensível”.
Abandonamos o Chiado de olhos apaixonados e partimos para Cascais.
Hoje o Dreams & Feathers é para o Mestre Nadir Afonso.
Obrigado.
Joao Rui


The Sensitive Perception - In the heart of Chiado, by the statue of the poet that inherited his name, one hears the steps and the photographic cameras of those who are coming here for the first time. How lucky they are: the eyes, finding these canvas for the first tme. But I’m already speaking of mine, in a street nearby, in the Museum of Contemporary Art of Chiado. Without Limits – Nadir Afonso. We walk silently through the rooms of the gallery, between admiration and passion. From the early sketches where the roots of the artwork were born, to the final paintings – and when is the painting done? Some argue that the secret is to know the right moment to put down the brush. Master Nadir says that for him Art has no secrets. And it doesn’t. I searched for the “Clérigos”, but the closest I could get to them was the “A Ribeira”, by the “Vila Nova de Gaia”, in front of which my fingers stood nervous of being able to feel the texture of the painting, knowing very well that they wouldn’t. There has to be a limit – but not here, where from room to room, each of the paintings reveals silent secrets. Conqueror of the empty space: “What is transformed is the sensitive perception”. We leave Chiado to Cascais with our eyes in Love. Today, “Dreams & Feathers” is for Master Nadir Afonso. Thank you. Joao Rui